Bolsonaro interpreta que seu discurso na ONU foi bom

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Foto: Reprodução

O presidente Jair Bolsonaro classificou como um “marco” o seu discurso na Organização das Nações Unidas (ONU), que ocorreu em setembro do ano passado. Segundo o presidente, sua participação que abriu a Assembleia Geral das Nações Unidas foi responsável por recuperar a “confiança do mundo no Brasil.”

Junto à mensagem, em postagem nesta sexta, 10, no Facebook, Bolsonaro publicou um trecho de cerca de cinco minutos de uma entrevista que deu ao canal de televisão aberta Rede Bandeirantes à época do discurso, em que afirma que seu governo tem boa relação com o setor do agronegócio. Segundo o presidente, entre as medidas responsáveis por isso, está o fim da política de demarcação de territórios indígenas, um dos assuntos tratados por Bolsonaro na ONU.

No trecho publicado, Bolsonaro ainda reforçou a ideia da frase que iniciou seu discurso na ONU, quando afirmou que apresentava ao mundo um Brasil que “ressurgia” após governos que classificou como socialistas. “Estivemos a um passo do socialismo, se uma Venezuela incomoda muita gente, imagina um país do tamanho do Brasil?”, questionou o presidente.

Em sua estreia na Assembleia-Geral da ONU, o presidente fez um discurso no qual classificou como “falácia” a tese de que a Amazônia “é patrimônio da humanidade” e criticou o que chamou de “espírito colonialista” de países que recentemente questionaram o compromisso do País com a preservação ambiental. Durante sua fala de 32 minutos, recheada de referências religiosas, Bolsonaro surpreendeu ao não adotar uma retórica conciliatória.

Em seu primeiro ano de mandato, o governo Bolsonaro colecionou uma série de desavenças internacionais. Depois de se desentender com Alemanha e Noruega pelos países terem congelado os repasses ao Fundo Amazônia,ele teve problemas com Emmanuel Macron, presidente da França, que chegou a convocar os outros integrantes do G7, que reúne as sete maiores economias do mundo, para discutir os incêndios na floresta amazônica.

Bolsonaro fez comentários sobre o processo eleitoral que fez o kirchnerismo voltar ao poder na Argentina. Antes de Cristina Kirchner anunciar sua recandidatura à presidência da Argentina, Bolsonaro já se demonstrava preocupado com a volta da esquerda ao poder do país vizinho. Com a confirmação da ex-presidente como vice de Alberto Fernández, ele engrossou o discurso sobre o “retorno da turma do foro de São Paulo na Argentina”, referindo-se à chapa como “bandidos de esquerda”. Dentre os efeitos colaterais, Bolsonaro ameaçou retirar o Brasil do Mercosul. Como resposta, o então presidenciável argentino referiu-se ao brasileiro como “racista, misógino e violento”.

Também houve desconforto com países árabes. Antes mesmo de tomar posse, Bolsonaro anunciou a transferência da embaixada do Brasil de Israel para Jerusalém. Mesmo não oficializada, a decisão causou desconforto nas relações com os países árabes, um dos nossos principais mercados para a exportação de carne. À época, a Liga Árabe ameaçou tomar “medidas políticas e econômicas” e, em janeiro, a Arábia Saudita decidiu vetar a entrada de cinco frigoríficos brasileiros em seu mercado, admitindo a retaliação contra o governo.

Estadão