Moro afronta STF e chama Vaza Jato de “bobajada”

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Foto: Marcelo Chello/CJPress/Agência O Globo

O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro, classificou de “bobajada” a divulgação de mensagens do site The Intercept sobre um suposto conluio entre o Ministério Público Federal (MPF) e a Justiça Federal de Curitiba nas decisões que envolveram a Lava-Jato.

Moro também descartou que tenha havido manipulação no caso em que ele, enquanto juiz, autorizou a divulgação de conversas telefônicas da então presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Acho que é um episódio menor, nunca dei importância para aquilo, é bobajada, foi usado para soltar presos condenados”, afirmou em entrevista ao programa “Roda Viva” da TV Cultura na noite desta segunda-feira.

Sobre as conversas de Lula que Moro divulgou enquanto era juiz, o ministro disse que havia indícios de obstrução de Justiça e que os diálogos foram tornados públicos a pedido da Polícia Federal (PF) e do MPF.

Moro afirmou que o presidente Jair Bolsonaro respeita a imprensa, apesar dos constantes ataques a repórteres em suas entrevistas coletivas. “O presidente tem respeitado a liberdade de imprensa. Em alguns momentos ele se irrita porque é provocado e então reage”, disse o ministro na entrevista.

Moro foi indagado pelos jornalistas sobre o motivo de não comentar episódios polêmicos do governo, como a recente demissão do secretário de Cultura, Roberto Alvim, por apologia ao nazismo.

“Acho que não cabe ao ministro da Justiça ser comentarista de tudo, ser comentarista político. No caso do secretário da Cultura foi um episódio bizarro e eu dei a minha opinião ao presidente.”

Segundo Moro, ele disse a Bolsonaro “que foi um episódio lamentável e que ele não se sustentaria mais no cargo”.

O ministro disse que o presidente tomou uma decisão correta e rápida. “Não achei necessário falar para fora (à imprensa) porque o presidente falou pelo Executivo.”

Moro citou declarações de campanha do PT feitas durante a eleição para defender Bolsonaro.

“O que eu vejo é que tinha um grupo falando que tomando o poder iria cercear à imprensa e o Judiciário. E, do outro lado, o presidente está dando ampla liberdade para a imprensa fazer o seu trabalho.”

O ministro afirmou que não tem “ambição” de ser candidato à Presidência em 2026. “Não tenho esse tipo de ambição, a questão da popularidade vem e passa. A minha missão é fazer o trabalho no ministério”, disse.

Indagado se assinaria um documento se comprometendo a não ser candidato, Moro disse que não o faria.

“Acho que não faria o menor sentido, muita gente fez isso e depois rasgou o documento. Eu não tenho esse tipo de pretensão. O candidato deve ser o presidente Jair Bolsonaro, se ele não mudar de ideia até lá.”

Moro disse que, quando deixar o ministério, pensa em trabalhar na iniciativa privada ou de tirar um período de férias no exterior com o propósito de estudar.

Moro também negou que tenha vivido momentos de animosidade com o presidente Bolsonaro durante a crise sobre a saída ou não do cargo de diretor-geral da PF, delegado Maurício Valeixo.

“Essa avaliação de eventual animosidade entre mim e o presidente é uma avaliação sua. Tenho ótima relação com ele. Sobre o livro que fala que ele teria pensado na minha demissão (da jornalista Thais Oyama, sobre o episódio envolvendo a divulgação do caso Flávio Bolsonaro), confesso que não li. Mas os boatos sobre a minha demissão foram exagerados.”

Valor Econômico