Quem foi Goebbels, nazista plagiado por Alvim

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Usado como inspiração em vídeo publicado pelo secretário especial da Cultura, Roberto Alvim, nas redes sociais, Joseph Goebbels é um dos mais conhecidos integrantes do regime nazista responsável pela morte de cerca de 6 milhões de judeus, além de ciganos, homossexuais e outras minorias, durante a Segunda Guerra Mundial.

Especialistas e historiadores o apontam como um dos seguidores mais fiéis, fanáticos e leais de Adolf Hitler, responsável por transformá-lo em uma espécie de salvador do povo alemão e de convencer a população sobre a inferioridade do povo judeu. Além disso, Goebbels também é considerado um dos precursores da propaganda política como a conhecemos atualmente.

Na manhã desta sexta-feira, a Secretaria da Cultura anunciou que Roberto Alvim seria exonerado pelo presidente Jair Bolsonaro após a repercussão de seu discurso.

Nascido numa família católica em uma país majoritariamente protestante, Goebbels sofreu na infância com a poliomielite e, posteriormente, também com a osteomielite. Fisicamente frágil e pequano, sofreu bullying durante a infância e também foi rejeitado pelo serviço militar na Primeira Guerra Mundial. Após a rejeição, decide se focar nos estudos mas também se aproxima se aproxima de doutrinas antissemitas, que pregavam a inferioridade dos judeus em relação a outras culturas.

Nesse mesmo período, na década de 1920, se aproxima do Partido Nazista e, particularmente, de Hitler. Tanto Goebbels quanto o líder nazista enxergavam na propaganda um papel preponderante para a vitória da ideologia de dominação do nazismo. É Goebbels, por exemplo, o autor da frase famosa até hoje sobre a repetição de mentiras: “uma mentira, contada mil vezes, se transforma em verdade.”

— Já na sua obra autobiográfica, Hitler afirma que a propaganda nazista tinha que ser simples, emotiva e popular. Para conseguir convencer até mesmo a pessoa mais humilde. A propaganda ão deveria ser racional, mas sim emotiva, atingir o coração e sentimento das grandes massas — afirma Wagner Pinheiro Pereira, professor do Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Após a ascensão de Hitler ao poder, é a Goebbels que ele entrega o Ministério do Esclarecimento Popular e Propaganda, cujo objetivo era “nazificar” as atividades artísticas e culturais alemãs, transformando Adolf Hitler em uma figura messiânica, protetora dos alemães.

Por meio desses, apresentava Hitler como um líder infalível e a raça ariana como superior a todas as outras. A propaganda nazista também colocava a Nação e a Pátria como bens supremos, além de apresentarem teorias conspiratórios de uma dominação mundial por parte dos judeus e o comunismo como ameaça da civilização ocidental.

Durante o período nazista, a literatura, a arquitetura e o teatro estavam a serviço do Estado e, com isso, obras de psicanálise, liberais, marxistas e humanisticas eram queimadas em cerimônias públicas.

— Assistindo ao discurso do Alvim, ele é muito semelhante aos discursos que Goebbels fazia — diz Wagner Pinheiro Pereira.

Em razão de sua fidelidade e lealde, em seu testamento, Hitler indicou Goebbels como seu sucessor como Chanceler. No entanto, ele permaneceu apenas um dia no cargo e seguiu o exemplo de Hitler. Além de suicidar junto com sua mulher, Magda, Goebbels ordenou que um dentista do regime administrasse uma ampola de cianeto para seus seis filhos, envenenando-os.

Goebbels transformou política em espetáculo
Intimamente ligados a um dos regimes mais cruéis da história da Humanidade, Goebbels e as técnicas utilizadas pela propaganda nazista terminaram influenciando parte da forma como a publicidade ainda é feita até os dias de hoje, afirma Wagner Pinheiro Pereira, cuja tese estudou o poder da imagem nos regimes autoritários.

— Embora o nazismo tenha sido derrotado, parte do imaginário propagado por ele sobrevive até os dias de hoje. Principalmente no mundo ocidental, nesta cultura e nesse aspecto comercial que temos, todos os elementos da propaganda nazista sobreviveram. O culto ao corpo, à beleza, tudo isso tem muitos elementos da propaganda nazista formulada pelo Hitler e pelo Goebbels — explica Wagner Pinheiro.

Outras obras produzidas na época, como “Triunfo da Vontade” e “Olympia” também influenciaram diretores e a indústria cinematográfica nos anos seguintes. Dirigidos pela cineasta alemã Leni Riefenstahl, utilizaram enquadramentos e técnicas vanguardistas à época. “Olympia”, por exemplo, filma os Jogos Olímpicos de 1936, em Berlim e, até hoje, seus enquadramentos e uso da câmera são repetidos em transmissões esportivas.

Contudo, segundo Pinheiro Pereira, a principal característica que permaneceu após a queda de Goebbels foi a espetacularização da política. O ministro da propaganda nazista cobra ingressos para os discursos de Hitler, mas também ordena a construção de 6 milhões de aparelhos de rádio de baixo custo, tornando possível para que toda a população alemã acompanhasse os discursos do líder nazista.

— Primeiro no rádio, depois no cinema, chegando até as redes sociais hoje. A espetacularização mostra essa relação do líder com as massas de forma muito forte e que o Goebbels traça uma série de estratégias para atingir a população por meio delas — explica.

O Globo.