“Festa” do “04” é pior do que parece

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O escândalo envolvendo o filho 04 de Bolsonaro é muito maior do que usar sem pagar serviços de empresa que atua para o governo do pai. O evento de Jair Renan em que essa empresa atuou foi para inaugurar empresa dele que pode estar traficando influência.

A Folha de SP divulga no último mês deste interminável 2020 a denúncia de que o filho 04 de Bolsonaro, Jair Renan, teve cobertura gratuita da festa de inauguração de sua nova empresa. O mimo foi dado por produtora de conteúdo digital e comunicação que presta serviços ao governo do seu pai, com o qual essa empresa faturou R$ 1,4 milhão só neste ano.

A empresa que fez ao 04 o singelo “favor” é a produtora Astronautas Filmes, que exibe com destaque em seu site o portfólio de seus clientes com grande destaque para os projetos que realiza para o governo Bolsonaro.

Um vídeo com os melhores momentos da festa é exibido no Instagram do projeto de Renan. O proprietário da Astronautas, Frederico Borges de Paiva, aparece nas imagens, abraçando e brincando com o filho do presidente.

Uma breve busca sobre essa empresa revela um dado “interessante”. Apesar de funcionar como “microempresa”, a empresa Astronautas, de Frederico Borges de Paiva, faturou R$ 1,4 milhão para o governo federal, neste ano, sendo que o limite de faturamento anual de uma empresa desse porte é de R$ 360 mil por ano.
Bingo! Trata-se de nada mais, nada menos do que de tráfico de influência.

Qual seja, segundo o Art. 332. da lei 9127 de 16 de novembro de 1995, tráfico de influência é “Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função”

Só para que saibam, “tráfico de influência” é a acusação ao ex-presidente Lula, que ficou 580 dias preso por ter visitado um apartamento no qual nunca dormiu uma só noite.

Mas antes que nos acusem de perseguição ao enfant terrible do Bozo, vamos lembrar que reportagem da revista Veja revelou, muito recentemente, que ele conseguiu marcar uma audiência entre os donos de uma produtora de granito e mármore do Espírito Santo e o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho.

Duas semanas depois, o filho do presidente abriu sua empresa de eventos, com a ajuda de patrocinadores, entre eles, a administradora do Estádio Mané Garrincha, onde funciona a sede da Bolsonaro Jr, em Brasília, e os empreendedores do Espírito Santo.

A administradora do estádio contribuiu com um bom desconto no preço do aluguel. O grupo capixaba doou um carro elétrico.

No dia da inauguração, havia uma grande expectativa. Contando com a provável presença do presidente, convidados viajaram para Brasília para prestigiar a festa, mas Jair Bolsonaro não compareceu.

A parceria deu resultado. No mês seguinte, os empresários conseguiram apresentar ao governo o projeto das casas populares de pedra. O grupo foi recebido pelo ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, responsável pelo Minha Casa Minha Vida.

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