Mídia estrangeira discorda de “polianismo” da oposição brasileira
Foto: Reprodução
Veículos de comunicação do mundo inteiro acompanharam com preocupação as manifestações de ontem de partidários do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro – a maior parte deles ressaltando as palavras de ordem de caráter antidemocrático dos protestos.
Desde a manhã de ontem, o site do diário britânico “The Guardian” destacava o clima tenso entre os manifestantes e policiais que patrulhavam a Esplanada dos Ministérios. “Partidários de Bolsonaro enfrentam policiais antes de grande protesto em Brasília”, dizia o título da reportagem. “Muitos temem que, com o apoio dos militares, Bolsonaro possa estar pronto para uma tentativa de autogolpe, por meio do qual ele tomaria poderes ditatoriais fechando as instituições democráticas do Brasil”, afirmava o texto
O Guardian descreveu cenas de “um policial sacando sua arma em uma tentativa de dissuadir a multidão e os apoiadores do Bolsonaro que prometiam invadir o Supremo Tribunal Federal”. “Em um vídeo, um apoiador do Bolsonaro pode ser ouvido repreendendo a polícia por bloquear a passagem dos manifestantes. ‘Deus vai fazer você pagar por isso. Vocês, comunistas!’ Ele gritava.”
Outro jornal britânico, o diário especializado em temas econômicos “Financial Times”, também destacou a tensão que marcou os protestos. “Marchas pró-Bolsonaro põem Brasil em perigo”, dizia o título da reportagem publicada em seu site e assinada pelos correspondentes Bryan Harris, Michael Pooler e Carolina Pulice.
“Apesar da grande multidão esperada na terça-feira, que é feriado nacional no Brasil, a popularidade de Bolsonaro está diminuindo drasticamente, já que sua retórica antidemocrática tem assustado muitos apoiadores de outrora, especialmente aqueles na comunidade empresarial”, informava o texto.
“Na Avenida Faria Lima, em São Paulo, a versão brasileira de Wall Street, os executivos admitem discretamente que a turbulência política está prejudicando o sentimento dos investidores e diminuindo o apetite para investir na maior economia da América Latina”, prossegue o “FT”, destacando pesquisas eleitorais que mostram dificuldades para que Bolsonaro seja reeleito.
“A tensa atmosfera política alimenta temores de que os protestos possam desencadear violência ou de que os manifestantes possam invadir a Suprema Corte, numa réplica do ataque ao Capitólio dos Estados Unidos por partidários de Donald Trump neste ano”, informava ainda o jornal.
O americano “The New York Times” também chamou a reportagem sobre as manifestações na página principal de seu site, destacando os riscos de uma ruptura: “Protestos pró-Bolsonaro podem ser prenúncio de um golpe, dizem críticos.”
No texto, o jornal também compara a retórica do brasileiro – “em declínio nas pesquisas e diante de inúmeros desafios legais – ao de Trump. O argentino “Clarín”, com um grau de cobertura mais atualizado, interpretou o discurso do presidente em Brasília como “uma advertência em tom incomum aos juízes” do STF.
Já o diário “El País” da Espanha, que radicou no Brasil sua versão em português, titulou: “Bolsonaro ameaça duramente Tribunal Supremo do Brasil ao mobilizar uma multidão”. “O presidente do Brasil reiterou seus ataques ao princípio da separação de poderes”, informou.
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