Convite da PF a Lula reedita golpe midiático-eleitoral de 2012
Há exatos dois anos e nove dias (15/09/2012), às portas das eleições municipais, chegava às bancas de jornal a edição 2287 da revista Veja. A publicação usara mais uma das muitas capas rubras que reiteradamente divulga quando quer acusar o PT de alguma coisa.
Era ano eleitoral e, para variar, a mídia trabalhava furiosamente para impedir uma das cerca de cinco mil eleições para prefeito que ocorreriam no país dali a cerca de duas semanas, a eleição de Fernando Haddad.
Na capa de Veja (vide imagem no alto da página), a esperança midiática de impedir uma das maiores derrotas que o PSDB já sofreu para o PT, a derrota do candidato preferido dos barões da mídia para qualquer cargo: José Serra.
Contudo, não rolou. Haddad surrou Serra eleitoralmente e virou prefeito de São Paulo.
Em 2012, Veja jogou no cenário eleitoral a mesma “bomba” que, dois anos depois, outro braço da mídia tenta usar para impedir a eleição de Dilma Rousseff: Marcos Valério, operador dos mensalões tucano e petista.
O ex-presidente Lula foi usado em 2012 por Veja e agora está sendo usado por Folha de São Paulo e Estadão para tentar impedir a eleição de um petista. Nesta quarta-feira (24), os dois jornais publicaram matérias dizendo que Lula se esquiva de depor na PF há 7 meses.
Quem forneceu munição à mídia em 2012 foi Marcos Valério Fernandes de Souza. Há dois anos, o operador de mensalões acusou Lula de intermediar repasse ilegal de R$ 7 milhões da Portugal Telecom para o PT.
A denúncia de Valério contra Lula foi feita logo após o ex-publicitário ter sido condenado pelo STF no julgamento do mensalão. Não havia mais tempo para ele pedir “delação premiada”, mas como a Corte ainda não havia usado a “dosimetria” para calcular as penas dos condenados, Valério esperava que, com a acusação a Lula, obteria pena menor.
A denúncia do operador do mensalão contra Lula gerou OITO inquéritos na Polícia Federal. Dois, inclusive, já foram arquivados. Ao longo dos últimos dois anos, todas essas investigações ainda não conduziram a lugar nenhum.
Lula jamais foi indiciado, mas, no início deste ano, a PF o convidou a depor como testemunha. Ele não atendeu a solicitação porque não é obrigado e porque, escolado pelo uso eleitoral do caso em 2012, resolveu esperar passar as eleições para colaborar com a PF.
O Blog apurou que alguém da PF vazou a denúncia de Valério para Veja em 2012 e agora vazou para Folha e Estadão essa história de que “há 7 meses a PF tenta ouvir Lula”.
As manchetes de Folha e Estadão desta quarta-feira sobre o caso induzem a crer que o ex-presidente está sendo intimado e até que teria sido indiciado nessa montanha de inquéritos que um procurador do MPF conseguiu abrir na PF apesar de ter ficado claro que Valério, no desespero, dissera qualquer coisa para tentar escapar de uma pena de 37 anos de prisão.
A manchete do Estadão diz que “Polícia Federal tenta há 7 meses ouvir Lula” e a da Folha diz que “Polícia tenta ouvir Lula há sete meses sobre mensalão”. Como se vê, o vazamento simultâneo da PF para os dois jornais impôs até o mote das manchetes que publicariam.
Lula, porém, só tem uma razão para não ter atendido ao CONVITE da PF: a banda tucana da instituição usou eleitoralmente essa história em 2012 e certamente tentaria usar eleitoralmente agora.
O ex-presidente disse à PF, no início do ano, que não cairia novamente nesse golpe, ou seja, não testemunharia para que, mais uma vez, a instituição vazasse o caso à mídia antipetista para que esta usasse eleitoralmente o que não vai dar em nada por falta de provas.
Ninguém se esquiva da Polícia Federal por sete meses. Se a instituição tem algo contra alguém, intima esse alguém e a pessoa tem que comparecer espontaneamente ou então, como se diz no jargão policial, será conduzida a depor sob vara – ou seja: à força.
A PF não pode nem sequer intimar Lula a depor porque a acusação de Valério não tem provas. Aliás, as matérias de Folha e Estadão confirmam tal fato, mas, para saber disso, a pessoa tem que ler as matérias e, como se sabe, brasileiro tem mania de só ler as manchetes.