Quatro dias de fúria midiática – forjando a bala de prata
A fúria midiática foi surpreendida por pesquisas mostrando prejuízo para José Serra depois do factóide da suposta “agressão petista” que teria sofrido em comício na zona Oeste do Rio. Pelo visto, o aumento da vantagem de Dilma Rousseff detectado pelos institutos Datafolha, Ibope, Sensus e Vox Populi se deveu à descrença popular na encenação do tucano e na “prova”, forjada pela Globo, de uma segunda “agressão” naquele evento, ou ao aborto de Mônica Serra.
Outro factóide que pôs a fúria midiática em stand by no início da semana foi matéria publicada pela Folha de São Paulo ontem, que mostra que há muito mais de racionalidade nessa fúria – ou em parte daqueles que ela move – do que poderia supor a nossa vã filosofia. Surpreendentemente, a matéria foi sobre o imperscrutável governo paulista, com as suas montanhas de escândalos eternamente encobertos inclusive pelo jornal que surpreendeu.
Se a Folha quisesse mesmo investigar as escandalosas obras do metrô paulistano, obras que tiveram agora, surpreendentemente, uma de suas concorrências viciadas denunciada pelo diário mais chapa-branca paulista, teria que se manter no assunto por meses.
Surpreendentemente, o assunto ainda está em pauta ao menos no jornal que fez a primeira denúncia que afeta Serra negativamente que a imprensa de São Paulo publicou em muitos meses, em contraposição às denúncias diárias que faz ao governo Lula há quase oito anos ininterruptos. Mais fácil do que crer em uma súbita conversão ao jornalismo por parte do jornal paulista, portanto, é supor que nesse mato tem coelho.
Da última vez que a Folha divulgou algum fato mais negativo para tucanos foi no fim de 2009, quando, depois de 18 anos, noticiou o filho secreto do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso com uma jornalista da Globo, fato que simboliza a promiscuidade entre tucanos e mídia como nenhum outro. E essa divulgação serviu para justificar um ataque hediondo que Lula recebeu daquele jornal, que colocou um desafeto do presidente para lhe fazer uma das acusações mais imundas que já lhe foram feitas, a do “menino do MEP”
Não parece exagero ou teoria conspiratória, portanto, prever que a divulgação sobre uma das muitas maracutaias que todos sabem que ocorre no governo paulista tenha tido como objetivo justificar o disparo da verdadeira bala de prata que está sendo forjada para tentar ajudar Serra a derrotar Dilma, pois, apesar de a mídia ter repercutido muito discreta e sobriamente o escândalo do metrô de São Paulo, o que denunciar contra Dilma será martelado até que as urnas sejam desligadas no próximo domingo.
A verdadeira bala de prata a ser disparada contra Dilma nesta eleição talvez seja o produto da ação do jornal paulista na Justiça Militar que tenta extrair de lá os arquivos da ditadura sobre Dilma, nos quais obviamente ela foi acusada de toda sorte de crimes para justificar as sevícias e o encarceramento que sofreu aos 19 anos de idade.
Ou talvez esteja no conteúdo do excelente trabalho investigativo que o repórter da Rede Record Rodrigo Vianna vem fazendo nestas eleições e que deu conta de que estaria sendo preparado um ato de violência por sequazes da campanha de Serra vestindo camisetas do PT, na linha do que este blog também supôs recentemente.
Ou, finalmente, talvez seja algum ataque mais pessoal a Dilma, sem relação com a sua militância na ditadura ou com algum suposto ilícito, mais na linha da moralidade, como demonstraram os boatos sobre aborto ou lesbianismo.
Só há uma certeza em todas as cabeças, seja de tucano, de petista ou da torcida do Corinthians: alguma armação contra Dilma a direita midiática está preparando, e é tão virulenta que foi necessário finalmente fazer alguma denúncia a Serra para Justificar o que será feito contra a adversária dele. É uma certeza oriunda da observação de oito anos de rancor midiático, ora convertido em fúria.