Haddad fala ao Blog e desmente blogueiro da Veja

Análise, denúncia

O blogueiro da revista Veja Reinaldo Azevedo acusou o candidato do PT a prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, de mentir quando diz que em sua gestão como ministro da Educação fez o número de creches no país aumentar 14 pontos percentuais.

Segundo Azevedo, “Chega a ser constrangedor para o jornalismo a proteção dispensada ao candidato petista, que fala o que bem entende, no horário eleitoral e nas entrevistas, sem que seja confrontado com os fatos, com os números”.

Ora, ora… É de se perguntar se o tipo de cobertura que a mídia vem dando ao julgamento do mensalão seria a manifestação desse seu “petismo”. Mas vamos em frente.

Azevedo criticou entrevista de Haddad ao SPTV. Diz que o petista mente quando afirma que, em 2000, as creches atendiam a 9% das crianças que delas necessitavam e que, ao deixar o governo Lula, o índice havia saltado para 23%”.

O blogueiro tucano usa como “prova” de que Haddad “mentiu” o fato de que “Existe um programa federal de creches, o tal Pró-Infância, que prometeu criar 6 mil creches e entregou, no máximo, 200”.

Não contente, Azevedo decidiu exaltar o de fato enorme aumento de creches em São Paulo durante a gestão Serra-Kassab afirmando que em oito anos foram criadas 148 mil vagas. Além disso, compara o percentual de cobertura por creches na cidade com a cobertura no Brasil.

Os dados oferecidos pelo blogueiro da Veja impressionam, pois, no Brasil, a cobertura de creches é de 23% e, na cidade de São Paulo, é de 48%. E diz mais: que “Quando Serra chegou à Prefeitura, havia 60 mil vagas apenas”. Sobrou até para Marta Suplicy…

Intrigado com a distância que separa a afirmação de Haddad ao SPTV da afirmação do porta-voz de Serra na blogosfera, resolvi entrar em contato com o candidato petista para lhe pedir explicações. Fui muito bem atendido pelo próprio, que meu deu informações corretas.

É verdade que esse programa complementar do governo federal para criar creches ainda está sendo implantado e não atingiu o número prometido. Azevedo só omite um pequeno detalhe: o programa do governo Dilma Rousseff promete cumprir a meta de 6 mil creches até 2014.

Mais estupefaciente ainda, porém, é a questão da disparada da criação de creches em São Paulo. Azevedo também omite que não foi só nessa cidade que as creches se multiplicaram, pois o fenômeno ocorreu no Brasil todo.

Como foi, então, que da gestão Marta Suplicy para a gestão Serra-Kassab o número de creches disparou tanto em São Paulo?

Em 2007, quando ministro da Educação, Haddad criou o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), e fez inserir em sua regulamentação o apoio à abertura e manutenção de creches. São Paulo, por conta disso, passou a receber 500 milhões de reais do governo federal, produto de convênios desse nível da administração para financiar creches.

Sendo ainda mais claro: São Paulo quase triplicou seu número de creches, sim, mas a grande maioria delas é conveniada com o governo federal no âmbito do Fundeb, criado por… Fernando Haddad.

Por fim, há a comparação que Azevedo fez entre o percentual de cobertura por creches no Brasil e em São Paulo.  No Brasil é de 23% e em São Paulo, 48%. Haddad explica que a comparação é estapafúrdia, pois na região rural e em pequenas cidades não há demanda por creches.

O candidato chegou a brincar dizendo que estava se comparando a necessidade de creches numa metrópole com a necessidade que há – ou que não há, melhor dizendo – na Amazônia, por exemplo.

Haddad também disse, ao telefone, que a argumentação que expus – que é a de Reinaldo Azevedo – é  “uma loucura” e como que ponderou que não vale a pena gastar tempo com ela, mas penso diferente e por isso lhe disse que escreveria este texto.

Escrevo porque Serra e seus áulicos (sobretudo os da mídia) vão tecendo essas distorções e há quem acredite sem, como fiz, buscar saber o que diz o outro lado. Para sorte do eleitor, porém, a internet, hoje, impede que se contem mentiras tão descaradas.

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Eleitor pede propostas e Serra ridiculariza quem as oferece

Post publicado em 3.9.2012 às 14:51 e atualizado às 20:16 com o texto acima

Abaixo, matéria extraída do jornal Folha de São Paulo de 3 de setembro de 2012.

O que a Justiça Eleitoral paulista diz sobre o candidato do PSDB ao governo de São Paulo é, simplesmente, o resumo de sua carreira política. José Serra é um político que prefere desacreditar os adversários a oferecer idéias ao eleitor e discuti-las com ele.

Serra não entende que o eleitor paulistano pede propostas, pede esperança de que possa melhorar de vida, dessa vida dura que leva em São Paulo, sobretudo se for pobre e morar longe do centro expandido.

Além da superlotação e da morosidade dos transportes públicos, da saúde ruim, da educação sofrível, da segurança pública inquietante e assustadora, ainda há o custo do transporte em São Paulo.

Recentemente, em visita ao metrô fora do horário de pico, Serra foi abordado por uma cidadã que o instou a usar aquele transporte “na hora da muvuca”. Era uma passante. Desceu de um trem, passou pelo candidato, disse isso e subiu em outro trem.

Serra, porém, não enxerga. Não vê como vive o povo. E não o respeita ao ponto de lhe reconhecer o sofrimento ao menos propondo novas medidas para problemas que até sua propaganda eleitoral teima em desconhecer.

A decisão da Justiça Eleitoral resume, também, as causas pelas quais o eleitor paulistano vai dizendo não a uma conduta política que o esbofeteia, a de dizer que está tudo ótimo. É como se fosse dito que o eleitor é que não sabe ver quão boa é a administração que rejeita.

Além de Serra não propor nada para melhorar o que o eleitor diz que está ruim – e que o candidato não quer reconhecer –, ainda ataca quem oferece a São Paulo o que a cidade vai demonstrando que deseja: propostas, esperança, novidade.

Esse desejo por novidade foi instilado na alma do paulistano pela péssima qualidade de vida em São Paulo. É por isso que os candidatos identificados como “novos” – ou seja, Fernando Haddad e Celso Russomano – crescem enquanto Serra cai.

Pode-se discutir quem é “novo”, ainda que este blog julgue que Russomano, de novo, não tenha nada. Todavia, a notícia supra reproduzida confirma o que todos já sabem, que é a natureza de Serra que o está conduzindo ao ostracismo.

O “bilhete único mensal” não vai resolver todos os problemas, mas acabará com uma situação que todo trabalhador paulistano conhece muito bem: o crédito do bilhete único convencional termina antes que o mês.

A propaganda de Serra que a Justiça Eleitoral cassou não apenas ridiculariza o adversário, mas o povo. Chama-o de burro ao contar uma mentira como a de que o paulistano pagaria mais pelo que não precisa, pois o bilhete mensal o fará economizar. E só se quiser.

Como pode ser “taxa” permitir que quem gasta ao menos uma condução para ir e outra para voltar do trabalho, pelo mesmo valor possa tomar quantas conduções quiser? Ninguém será obrigado a comprar o bilhete mensal, portanto se a pessoa não sai de casa não pagará nada.

Como distorcer proposta tão cristalina? Só fazendo pouco da inteligência do eleitor. Senti-me ofendido por essa propaganda apesar de quase não usar transporte público, pois trabalho perto de casa. E quem não se sentiu ofendido, mereceu a ofensa.