Deixem os golpistas governarem, vão se enterrar sozinhos
Descansei nos últimos dois dias, após a eleição de domingo porque a campanha deu um certo trabalho na reta final, obrigando-me a conjugar trabalho profissional, no comércio exterior, com o de cidadão, através da candidatura a vereador e como blogueiro.
Além disso, minha filha Gabriela acaba de chegar da Austrália – veio votar no pai. Dediquei um tempo a ela, após a eleição, que não tínhamos nos falado direito.
Porém, a democracia não pode esperar. Voltemos à lida, pois.
Antes de prosseguir, quero agradecer o número incrível de 1304 pessoas que votaram em um candidato que praticamente não gastou um tostão nessa campanha, não distribuiu nem 10% do material impresso pelo PC do B, não fez campanhas de arrecadação, não foi atrás de um único doador, limitando-se a publicar alguns banners no Facebook e no Twitter pedindo doações.
Por que não fui caçar doações nem investi na campanha? Porque minha candidatura teve um caráter experimental. Queria ver como o eleitor se comportava em relação a uma candidatura sem uso de dinheiro, contando apenas com a internet.
Não fiz um único evento de campanha, não montei equipes enormes de panfletagem – minha mulher, a enfermeira de Victoria e mais duas pessoas panfletaram na porta de uma estação de metrô mais por farra mesmo, porque diante dos exércitos de panfleteiros pelas ruas da cidade, não seria com essa micro equipe que eu faria frente.
Não trabalhei pela minha candidatura. O PC do B colocou um quadro versado em marketing digital à minha disposição (o Eder) e, com exceção do Felipe (cinegrafista), o resto da equipe trabalhou de graça pela minha candidatura.
Agradeço ao João, ao Rodrigo, à Rosangela, à Zora, à Tina, ao Ricardo Grillo, ao Shitão, ao Eraldo e à Marli, à Cecília Negrão e à Ana Flávia que também colaboraram, de uma forma ou de outra.
Mas não foi por isso que vim aqui após essa eleição histórica, que será lembrada para sempre. Vim explicar, também, que nunca tive qualquer expectativa de me eleger nessas condições. Meu partido, que não elegeu um único vereador, não tem recursos. Não tem tempo de TV – fui beneficiado com 4 segundos. Muitos candidatos comunistas nem puderam dizer nada.
Mas eu precisava saber como funcionava. E, agora, eu sei. E esse conhecimento me foi precioso…
Enfim, meus caros, quero dizer, agora, da tão propalada derrota do PT. Sim, o PT perdeu, perdeu muito. Mas alguém esperava que fosse diferente? Não se tem notícia de tanta demonização de um partido que, no frigir dos ovos, não tem nem mais nem menos corrupção do que qualquer outro.
O fato de as prisões estarem atingindo só petistas famosos, enquanto que pessoas de outros partidos que poderiam ser presas pelas mesmas alegações não são presas, não muda o fato de que pessoas em condições de ser presas como os petistas há aos montes, mas são prisões arbitrárias, na maioria. Pessoas que foram presas e começaram a cumprir pena sem julgamento.
Note bem, leitor: petistas foram presos sem julgamento, sempre petistas, quase que exclusivamente petistas. Há pessoas que ameaçaram atrapalhar investigações e que não são presas, como Eduardo Cunha, porque agiram mancomunadas com a Lava Jato para causar para o PT o resultado eleitoral que se viu no último domingo.
Porém, como venho dizendo, não há risco de esses golpistas se darem bem. Assim como aconteceu em junho de 2013, quando avisei que tudo aquilo ia terminar em desastre para toda a esquerda e para praticamente todos os brasileiros, agora venho avisando de outra coisa e ainda ninguém ouve.
Se PMDB e PSDB, se Temer, Serra, Aécio, FHC e cia. se mantiverem no poder até 2018, e se fizerem o serviço sujo para o qual foram contratados – qual seja, exterminar direitos trabalhistas e programas sociais –, ao fim desse par de anos o povo estará clamando pela volta de algum petista.
Talvez Dilma, na falta de Lula…
Agora, se a ultradireita que representam esses agentes políticos supracitados – que confraternizam com Bolsonaro, não nos esqueçamos – mudar, tiver um insight e se tornar progressista, humanista, se distribuir renda, se aumentar programas sociais, se privilegiar o emprego com carteira assinada e se fizer o salário médio do trabalhador disparar, assim como fizeram Lula e Dilma, eu viro tucano, uai!
Aliás, esse é o mote de vídeo que divulguei no Facebook na segunda-feira.
Então é isso, pessoal. O PT governou por 13 anos. Reduziu a pobreza, a miséria, distribuiu renda como nunca ocorrera no Brasil, pôs negros pobres na faculdade, criou uma gigantesca classe média emergente – que, antes, vivia na pobreza, apartada do mercado de consumo de massas criado pelos petistas.
Repito: os brasileiros estão esperando que os golpistas lhes deem de volta tudo aquilo que receberam do PT por 11 anos e que lhes faltou nos últimos quase dois anos.
No primeiro ano (2017), a lenga-lenga de que todos devem se lembrar só dos dois últimos anos do PT e esquecer os 11 anos anteriores pode até colar. Mas, aos poucos, as pessoas vão se lembrar de 11 dos 13 anos de governos petistas, nos quais suas vidas melhoraram sem parar.
Foi muito tempo de conquistas e melhoras. As pessoas podem ser ingratas, desatentas, egoístas, mas não são suicidas. Quando perceberem que eram felizes e não sabiam, será a hora de pôr os pingos nos is.
Não vai demorar tanto assim. Até lá, até o despertar dos brasileiros, ficaremos assistindo de camarote as pessoas se darem conta da merda que fizeram em 2016.