Marielle vive através de Talíria Petrone na Câmara

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Quando Marielle Franco e Talíria Petrone se conheceram, há cerca de dez anos, a primeira era moradora do Complexo da Maré e a segunda, professora de história em um cursinho popular da favela carioca.

Cinco anos depois, decidiram juntas concorrer a uma vaga nas Câmaras Municipais pelo PSOL: Marielle foi eleita no Rio; Talíria foi a mais votada em Niterói.

“Isso fez com que a gente tivesse muita proximidade, nos falávamos todos os dias”, diz Petrone.

Na sexta (1º), ela tomará posse em Brasília sozinha: foi eleita deputada federal com a nona maior votação do estado, enquanto Marielle foi assassinada a tiros em 14 de março de 2018.

A trajetória das duas, porém, continua entrelaçada: a deputada eleita diz que nem pretendia disputar as eleições antes do crime. “A ideia era terminar o mandato com tranquilidade, mas, com a execução dela, a gente entendeu que precisava dar uma resposta política a esse retrocesso democrático.”

Petrone faz parte de um grupo de mulheres eleitas em 2018 após a repercussão do assassinato da vereadora carioca —caso, na Assembleia Legislativa do Rio, da ex-chefe de gabinete de Marielle, Renata Souza, e de duas ex-assessoras, Dani Monteiro e Mônica Francisco.

Ela também faz parte da nova bancada feminina do PSOL: o partido, que antes tinha 1 mulher entre 6 deputados, agora terá 5 entre 10.

Ela afirma que quer defender na capital federal pautas sociais que trazia em comum com Marielle, mas não quer o rótulo de “herdeira política”. “Essa ideia anula as lutas que a gente tocava juntas antes, e invisibiliza a própria execução da Mari.”

Ela lista entre essas pautas o estabelecimento de penas alternativas e mudanças no modelo de segurança pública e a defesa de matérias socioambientais.

A obstrução de projetos patrocinados pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL), como o Escola sem Partido e a reforma da Previdência, também deve ser prioridade —de toda a bancada do PSOL, aliás.

Outro tema que deve ter proeminência é a segurança dos próprios deputados, após a decisão de Jean Wyllys (PSOL-RJ) de não assumir o mandato.

Petrone também foi alvo de ameaças e chegou a andar com escolta após a morte de Marielle; hoje, mantém um carro blindado pago pelo partido.

Da FSP