Reinaldo Azevedo: “Para os venezuelanos, existe o melhor. Para o Brasil, os cenários vão do ruim à completa humilhação”

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A melhor coisa que poderia acontecer ao povo venezuelano seria os militares desobedecerem às ordens de Nicolás Maduro (foto) e pronto: a tal “ajuda humanitária” entraria no país, e Maduro perderia o esteio que o mantém à frente do governo legal — aquele tipo de legalidade que há lá. Nota: com a sagacidade dos tiranetes, Maduro pode autorizar a entrada de víveres e remédios, apropriando-se da ajuda, em combinação com os militares, que seguiriam fieis a seu comando.

Mas pode acontecer o pior: os opositores forçam os limites do bloqueio imposto, os militares reagem, e aí só o diabo sabe o que pode acontecer. Há indícios de que os EUA contam com a possibilidade de uma intervenção. E é neste preciso ponto que o erro estratégico do Brasil se revela por inteiro.

A principal nação do subcontinente sul-americano teria de assistir a uma intervenção em um país vizinho, o que a rebaixa, por óbvio, diante dos demais países. Em vez de sair maior da crise, o Brasil sairia menor. Para que saibam: a forte presença militar americana no combate ao narcotráfico na Colômbia sempre foi submetida à consulta de autoridades brasileiras, muito especialmente da área militar. A razão é óbvia: a nossa vizinhança é uma área de influência e de interesse.

Se Maduro cair sem um banho de sangue, os americanos é que baterão no peito; o Brasil entra como mero caudatário. Rebaixa-se ainda mais a nossa diplomacia. Se Maduro ficar, aí a derrota será verde-amarela. Os americanos estão têm ogivas voltadas para vários lugares do mundo. A Venezuela é quase um capricho.

Para o bem do povo da Venezuela e por um vexame menor, resta torcer para que os militares venezuelanos deem um pé no traseiro de Maduro. O governo brasileiro figura como um contínuo dos EUA, mas ainda se pode alegar que ajudou o povo venezuelano a se livrar de Maduro. Se o homem fica, o fato fala por si. E o pior dos cenários, para todos, é o risco de uma intervenção dos EUA, a que o Brasil teria de assistir sem intervir se não for agredido. Estaria reduzido a uma minoridade inédita na região. Caso venha, nessa hipótese extrema, a permitir que seu território seja usado para ações militares, bem, meus caros, aí já seria reduzido à condição de quintal. As Forças Armadas brasileiras estariam, nesse caso, agredindo a sua própria história. Consta que essa possibilidade já foi terminantemente afastada.

Para os venezuelanos, existe o melhor. Para o Brasil, os cenários vão do ruim à completa humilhação.

De Rede TV