EUA ajudarão a reprimir protestos na América Latina

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Foto: AP/Timothy D. Easley

O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, afirmou nesta segunda-feira (2) que Cuba e Venezuela tentam sequestrar protestos democráticos na América Latina, e prometeu que Washington vai dar apoio aos países da região para evitar que o descontentamento se transforme em tumultos.

O americano é o principal diplomata do país. Ele fez um discurso no Kentucky.

“Nós, na gestão Trump, vamos continuar a apoiar países que tentam evitar que Cuba e Venezuela sequestrem esses protestos, e nós trabalharemos com governos legítimos para prevenir que protestos se transformem em tumultos e violência que não refletem a vontade democrática do povo”, afirmou.
Ele também pediu paciência para a política dos EUA em relação à Venezuela. As sanções que os americanos impuseram, os esforços contra cartéis de drogas e esforços diplomáticos para aumentar a pressão contra o regime de Nicolas Maduro vão eventualmente ser bem-sucedidas.

Bolívia, Chile, Equador, Peru, Venezuela, Paraguai e Colômbia registraram manifestações populares, distúrbios políticos e confrontos em 2019.

Em 20 de outubro, Evo Morales foi eleito em primeiro turno na Bolívia, mas protestos e denúncias de fraude na votação aumentaram a tensão no país. Evo perdeu apoio dos militares, que pediram sua saída. Ele renunciou à presidência no dia 10 de novembro. A segunda-vice-presidente do Senado, Jeanine Áñez, se autoproclamou presidente interina. O nome dela foi reconhecido pelo Tribunal Constitucional. Áñez assinou uma lei para convocar novas eleições.

A onda de protestos violentos teve início no Chile na segunda metade de setembro, após um aumento de 30 pesos (equivalente a R$ 0,17) no preço das tarifas do metrô de Santiago. Milhares de pessoas derrubaram portões, quebraram catracas e passaram sem bilhete pelos controles de acesso. A polícia revidou com bombas de gás lacrimogêneo. Os protestos tiveram uma escalada com saques e depredações em várias cidades do país. O governo decretou estado de emergência por 15 dias e o exército foi às ruas pela primeira vez desde a ditadura de Augusto Pinochet. O presidente Sebastian Piñera suspendeu o aumento da tarifa do metrô e instaurou uma reforma constitucional, mas os protestos continuam.

O país enfrentou em outubro 11 dias de violentos protestos e estradas bloqueadas depois que o presidente Lenín Moreno anunciou o fim de um subsídio aos combustíveis que já durava 40 anos, causando um aumento de até 123% nos preços, parte de um pacote de ajustes para cumprir metas acertadas com o FMI. Em reação às primeiras manifestações, o governo decretou “estado de exceção” e, posteriormente, transferiu a sede do governo do Equador de Quito para a cidade costeira de Guayaquil. Mas as medidas não contiveram as manifestações. Os distúrbios deixaram sete mortos, 1.340 feridos e 1.152 presos, segundo a Defensoria Pública. No dia 14 de outubro, o presidente, após se reunir com lideranças indígenas, anunciou que iria revogar a medida que cortava o subsídio.

Líderes trabalhistas e estudantis da Colômbia convocaram protestos que duraram mais de uma semana. Eles têm reclamações sobre possíveis alterações nas leis tributárias, trabalhistas e previdenciárias que estejam no legislativo ou que estejam em desenvolvimento. O presidente Iván Duque propôs um “diálogo nacional” que duraria até março, o que foi rejeitado pelos manifestantes.

No fim de setembro, o presidente do Peru, Martín Vizcarra, após uma derrota no Congresso, resolveu dissolver a legislatura e convocou novas eleições — o que a lei permite. Em resposta, os congressistas chegaram a votar uma suspensão do líder executivo e nomearam a vice, a parlamentar Mercedes Aráoz, para ocupar seu cargo. Ela, entretanto, renunciou ao posto, e Vizcarra permaneceu na presidência. Manifestantes apoiaram a decisão de fechar o Congresso, em meio à crise de credibilidade da classe política por causa do escândalo ligado à Odebrecht no país.

O governo assinou com o Brasil um documento em que se comprometia a comprar energia mais cara do que o habitual da Usina de Itaipu, que pertence aos dois países. Em decorrência disso, em agosto, o Paraguai mergulhou numa crise política, funcionários em cargos importantes caíram e o presidente Mario Abdo ficou ameaçado de ser submetido a um processo de impeachment. Houve manifestações pelo país, principalmente na capital Assunção. O acordo firmado em maio, sem divulgação, foi cancelado oficialmente, e a tensão diminuiu. Um grupo governista que havia aderido à proposta de impeachment da oposição acabou desistindo.

G1