Onze dias de fúria midiática
Apertem os cintos, preparem os corações. Além da pesquisa Vox Populi, Ibope e Datafolha devem mostrar Dilma Rousseff aumentando a vantagem em relação a José Serra. Os números de cada instituto, a esta altura do campeonato, são irrelevantes – o que importa são as tendências e até o fim da semana todos os institutos mostrarão a mesma coisa.
Segundo noticiado pelo portal de internet IG ontem à noite, até especialistas ligados ao PSDB rejeitam as acusações dos tucanos ao Vox Populi.
Segundo Murillo de Aragão, cientista político e sócio da consultoria Arko Advice, não haveria razões para que o instituto favorecesse um determinado candidato. “O Marcos Coimbra (presidente do Instituto Vox Populi) não pode fazer o instituto dele trabalhar com erros. Ele vai fazer o possível para que as pesquisas dele sejam mais precisas. O sucesso do seu negócio é ser o mais correto possível”, afirmou.
O sociólogo e cientista político Antonio Lavareda, ligado ao PSDB, diz que não há como fazer um julgamento precipitado do Vox Populi. “Parto do suposto que os institutos se comportam dentro de um padrão ético requerido. Uma vez que o resultado seja muito discrepante, aí ele terá de se explicar. É difícil que continuem a ocorrer grandes diferenças entre os institutos, daqui pra frente. A tendência já apresentada em outras eleições é que a maioria dos institutos tenha números convergentes”.
O cientista político Alberto Almeida, diretor do Instituto Análise, estima que o resultado do Vox seja confirmado pelos outros institutos. “Tenho o palpite de que as próximas pesquisas virão apontando uma margem a favor da Dilma do mesmo tamanho que o Vox Populi. Acredito na hipótese de que nunca houve essa aproximação do Serra em relação a Dilma no segundo turno”, diz o sociólogo.
Foi sintomático que o órgão de imprensa mais serrista do país – e o único que não reconhece o fato em hipótese alguma –, o jornal Folha de São Paulo, em sua edição de hoje tenha voltado a produzir manchetes para Serra usar na tevê. A Folha sai com uma manchete espalhafatosa sobre informações que teriam vazado da investigação que o governo Lula mandou a Polícia Federal fazer sobre a quebra de sigilo fiscal de tucanos.
Na noite desta quarta-feira, o Jornal Nacional deve repercutir mais uma “denúncia-bomba” da Folha contra a campanha de Dilma. Provavelmente, antes de dar os números do Ibope. A partir daí, virão mais duas capas da Veja e da Época e nove edições do Jornal Nacional, além de onze primeiras páginas da própria Folha, do Globo e do Estadão.
Durante os próximos onze dias, a mídia fará tudo, absolutamente tudo para impedir a vitória de Dilma. E o objetivo não será apenas o de tentar eleger Serra. Mesmo que a vantagem da candidata petista aumente muito, a mídia tentará diminuir o tamanho dessa vitória para que não seja acachapante para o seu candidato.
A partir de hoje, o Brasil será vitimado por onze dias da mais virulenta fúria midiática de sua história. A priori, não haverá tática que não será usada. Teremos um fim melancólico para uma das campanhas eleitorais mais sujas da história recente do país, na qual a imprensa tucana terá usado até a religião para eleger seu candidato. Preparem-se.