Alckmin ataca “estatais petistas”, mas FHC criou mais estatais

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Como candidato a presidente em 2018, Geraldo Alckmin promete privatizar ou simplesmente fechar empresas federais criadas por Lula e Dilma Rousseff. Em recentes discursos como pré-candidato, o governador paulista criticou “inchaço” da máquina e suposto “baixo retorno” de empresas federais criadas entre 2003 a 2016 (período dos governos petistas).

Alckmin afirma que o contingente de empresas estatais criadas pelos governos petistas representa cerca de um terço das estatais federais, que o tucano diz serem 56 de supostas 149 empresas existentes.

Alckmin, porém, não se compromete, pelo menos por enquanto, com a venda das principais empresas estatais, como o Banco do Brasil ou a Petrobras.

O tucano já indicou que ao menos três das “estatais petistas” devem fechar as portas, caso ele assuma o Planalto: a Empresa Brasil de Comunicação (EBC); a Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás); e a Empresa de Planejamento e Logística (EPL).

Até se desincompatibilizar do cargo para disputar a eleição, em abril do ano que vem, Alckmin promete fazer a lição de casa: privatizar a Companhia Energética de São Paulo (Cesp) após mais de dez anos de debates a respeito.

Reportagem da Agência Lupa, porém, recorreu aos dados oficiais do Ministério do Planejamento e constatou que Alckmin amplificou alguns dados e omitiu outros.

http://piaui.folha.uol.com.br/lupa/2016/06/16/alckmin-exagera-numero-de-estatais-na-gestao-petista/

Ao todo, existem no país 125 empresas públicas federais – 15 a menos do que o total citado pelo tucano. Do total de estatais, 13 foram criadas no governo da presidente Dilma Rousseff e 25 na gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os dois governos petistas criaram, portanto, 38 empresas – 30% do total existente.

Para que a frase de Alckmin estivesse menos imprecisa, os dois presidentes petistas juntos deveriam ter assinado a criação de pelo menos quatro estatais a mais, num total de 42 novas empresas em 13 anos.

Ainda assim, porém, a frase alckmista estaria errada ou tendenciosa porque durante os oito anos do governo Fernando Henrique Cardoso, do mesmo partido que Alckmin, foram criadas 27 estatais. Esse número é superior ao total surgido nas gestões Dilma e Lula separadamente.

Confira quantas estatais cada governo criou.

A pergunta que fica, é a seguinte: Alckmin também vai vender as estatais criadas por FHC ou só vai vender as criadas pelo PT?

Seja como for, vender estatais não promete ser uma boa estratégia de campanha porque a última pesquisa de opinião feita sobre o assunto mostra que Alckmin se engana ao pretender, como vem dizendo, fazer uma campanha eleitoral pregando uma nova privataria tucana.

A maioria dos brasileiros é contra a privatização de empresas estatais. A constatação é de uma pesquisa do Instituto Paraná Pesquisas. Essa pesquisa ouviu 2.020 pessoas maiores de 16 anos em 158 cidades de 24 Estados, mais o Distrito Federal, e foi realizada entre 20 e 23 de julho do ano passado, por meio de entrevistas pessoais.

Segundo o instituto, o grau de confiança é de 95%, com margem de erro de 2%.

A questão apresentada aos participantes foi a seguinte:

Com o objetivo de melhorar a situação econômica do Brasil, o governo Michel Temer planeja vender, ou seja, privatizar algumas empresas e ativos estatais. O Sr(a) é a favor ou contra essa medida?

Do total, 60,6% dos entrevistados declararam-se contra privatizar as estatais; 33,5% são favoráveis; e outros 5,9% não souberam ou não opinaram.

A enquete também avaliou a posição dos entrevistados em relação à venda das principais estatais federais. Apesar de todo o desgaste na imagem da Petrobras, epicentro da Operação Lava Jato, os brasileiros apoiam sua permanência nas mãos do governo: 63,3% são contra sua privatização; 31,1%, a favor; e 5,6% não souberam ou não opinaram.

A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos também enfrentaria resistências, caso o governo a transferisse para o controle privado: 62,4% são contra sua venda; 32,3%, a favor; e 5,3% não souberam ou não opinaram.

A privatização dos bancos públicos é a que desperta maior rejeição. Quando indagados sobre uma eventual privatização do Banco do Brasil ou da Caixa Econômica, 67,5% dos participantes declararam-se contrários; outros 26,8% são a favor; e 5,7% não souberam ou não opinaram.

Seja como for, é bom que Alckmin faça uma campanha eleitoral pregando nova privataria ao mesmo tempo em que tramita contra si no STJ uma investigação por receber 10 milhões de reais de propina. Com essa estratégia moralista e privatista, o tucano será surrado de novo por Lula.

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