Após Collor e Aécio, Veja lança candidatura de Luciano Huck à Presidência
A revista Veja desta semana voltou a atuar como pistoleira e cabo eleitoral simultaneamente. Na mesma capa, a revista compara Lula a Bolsonaro e diz que eles “assustam”. Não disse quem e não estabeleceu nenhuma diferença entre os pré-candidatos a presidente da República.
Veja traz em seu currículo ter sido cabo eleitoral de Fernando Collor de Mello e de Aécio Neves. Agora, com o PSDB (ex-queridinho da mídia) arrebentado politicamente por conta de denúncias contra seus principais caciques (Alckmin, Serra, Aécio etc.) e da adesão ao odiado governo Michel Temer, a mídia está em busca de novos “protegidos”.
Na edição divulgada nesta sexta-feira 3, Veja lança a candidatura a presidente do apresentador de programas de auditório Luciano Huck com o ministro da Fazenda de Temer, Henrique Meirelles, como vice.,
O mais impressionante na mais nova aposta eleitoral de Veja, porém, nem é o flerte com Huck e Meirelles, mas a tentativa de transformar Lula é um perigo “desconhecido” e “assustador”. Definitivamente, Veja demonstra que vê o eleitorado brasileiro como uma manada de seres irracionais.
Lula foi um presidente que governou durante oito anos sem rupturas ou planos mirabolantes, para o bem e para o mal. Conseguiu o milagre de fazer todos ganharem em seus oito anos de governo, do mais rico ao mais pobre.
Quem Lula assusta? O povo é que não é. Ninguém vai enxergar o voto em Lula como um salto no desconhecido. Mesmo entre seus odiadores, o ex-presidente não é visto como radical e, muito menos, como assustador. Dizem-no “corrupto”, questionam sua capacidade administrativa (apesar de seu governo ter terminado com 80% de aprovação devido às conquistas sociais e econômicas que logrou).
A aposta de Veja, porém, não parece lá tão promissora. Huck aparece na última pesquisa Ibope empatado tecnicamente com Ciro Gomes e com quase metade dos votos de Marina Silva. A revista, porém, acredita que o apresentador pode deslanchar com apoio da mídia, a qual não consegue eleger presidentes desde 1998, quando elegeu Fernando Henrique Cardoso.
E lá se vão quase vinte anos.
O lançamento da candidatura de Luciano Huck, porém, é o melhor dos mundos para a esquerda porque divide a direita de forma dramática – no mínimo, está dividida entre Bolsonaro, Alckmin, Huck e, talvez, Doria, se sair do PSDB para obter legenda para disputar a Presidência.
Pela esquerda, a disputa é bem menor. Marina Silva e Lula serão os dois únicos candidatos viáveis concorrendo ao mesmo tempo. Ciro Gomes já disse que não disputará a Presidência se Lula disputar. É real a chance de virar vice de Lula, agregando seus 7, 8 ou 10 pontos percentuais aos 35 de Lula, o que poderia definir a eleição presidencial no primeiro turno.
Seja como for, a nova aposta eleitoral da direita, agora em Huck, e o ataque a Lula e a Bolsonaro, constituem um bom sinal. Para Lula.
Os ataques a Lula mostram que a mídia conservadora está longe de julgá-lo carta fora do baralho. E a tentativa de pintá-lo como “perigo desconhecido” só mostra como a direita brasileira está perdida, talvez mais do que a esquerda, ao fazer qualquer aposta idiota como a de tornar uma celebridade fútil a sua grande aposta eleitoral