Dallagnol cometeu o crime do qual acusou Lula

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Até aqui, a Vaza Jato vinha denunciando comportamentos impróprios de juízes e procuradores que poderiam anular processos e/ou causar perda do cargo aos envolvidos. Mas o que a Folha de SP denunciou sobre Dallagnol no domingo é o mesmo crime do qual ele acusou Lula.

Muitos dos que lamentam e dos que comemoram a prisão de Lula não sabem, em resumo, nem do que ele foi acusado (no caso do tríplex) nem quais são as provas alegadas pelo Ministério Público para acusá-lo e pelo Judiciário para condená-lo.

Para quem não sabe, Lula foi acusado no caso do tríplex no Guarujá, basicamente, pelo coordenador da força-tarefa da Lava Jato no Ministério Público Federal, um procurador chamado Deltan Martinazzo Dallagnol,

E do que ele acusou Lula? Segundo matéria da revista IstoÉ de junho de 2016, Lula fez “tráfico de influência em favor da OAS no exterior” e a empreiteira, em troca, deu-lhe um apartamentinho vagabundo de 200 metros quadrados, dois por andar, em uma estância turística decadente, o Guarujá, que, no passado, foi “chique”…

Em dezembro do mesmo ano, a Veja disse que “o MP” acusou Lula de “enriquecer” com “tráfico de influência no governo Dilma”.

Note bem, leitor, que a Veja dizia que Lula, mesmo sem ter cargo, usava sua influência sobre Dilma para fazer com que ela adotasse medidas que favoreceriam a OAS, que teria dado ao ex-presidente um imóvel no qual ele nunca passou uma noite e do qual jamais teve a chave.

Segundo a Wikipedia, “tráfico de influência consiste na prática ilegal de uma pessoa se aproveitar da sua posição privilegiada dentro de uma empresa ou entidade, ou das suas conexões com pessoas em posição de autoridade, para obter favores ou benefícios para si própria ou terceiros”

A Folha de SP disse o seguinte sobre o homem que acusou Lula de “tráfico de influência”:

Em julho de 2016, Deltan trocou mensagens com a procuradora (…) Thaméa Danelon sobre uma operação que ela estava coordenando (…) e sugeriu que a procuradora aproveitasse o tema de fraude na área da saúde para montar uma palestra para a empresa de planos de saúde Unimed, uma das que mais contratou o procurador nos últimos anos. ‘Vc podia até fazer palestra sobre esse caso mais tarde em unimeds. Eles fazem palestras remuneradas até’, disse Deltan no diálogo

Isso que Dallagnol fez se chama “tráfico de influência”. Ele usou seu cargo e influência na força-tarefa da Lava Jato no MPF para ganhar dinheiro. Fez uma procuradora adotar medidas para inflar palestras que ele tinha interesse em dar à Unimed.

Ou seja: Dallagnol cometeu o mesmo crime que acusou Lula de cometer. A diferença é a de que não existe uma mísera prova de que Lula cometeu esse crime, mas existe até confissão de que o chefe da força-tarefa da  Lava Jato no MPF o cometeu.

É simples assim…

Confira a reportagem em vídeo