
Chefia do Coaf pode ter relação com ‘serviços prestados’ ilegalmente

O coordenador da força-tarefa, Deltan Dallagnol, e seus colegas em Curitiba recorreram em diversas ocasiões a um informante graduado dentro da Receita para levantar o sigilo fiscal de cidadãos sem que a Justiça tivesse autorizado a quebra. As investigações clandestinas são reveladas agora pelo Intercept em parceria com a Folha de S.Paulo, graças ao arquivo da Vaza Jato.
Para obter os dados sigilosos, os procuradores recorreram ao auditor fiscal Roberto Leonel, que chefiava a área de inteligência da Receita em Curitiba, onde trabalhava. Leonel é hoje presidente do Coaf e foi levado ao governo de Jair Bolsonaro por Sergio Moro.
A relação entre Leonel e a força-tarefa era tão próxima que eles pediram para o auditor informações sigilosas de contribuintes até mesmo para verificar hipóteses sem indícios mínimos. A Lava Jato, como o Intercept mostrou em parceria com o El País, já se movimentou contra seus inimigos declarados motivada apenas por boatos.
Roberto Leonel comandava o Escritório de Pesquisa e Investigação (Espei) da 9ª Região Fiscal, em Curitiba, o berço da Operação Lava Jato.
O Coaf é um órgão estratégico de inteligência especializado em investigar movimentações financeiras e de prevenção à lavagem de dinheiro. Antes subordinado ao Ministério da Fazenda, agora ficará sob os cuidados do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
A nomeação de Roberto Leonel para o COAF, por Sergio Moro, em janeiro deste ano, trouxe também o novo estatuto do Coaf com algumas novidades, como a criação de duas diretorias – a de Inteligência Financeira e a de Supervisão, que recebem parte das competências do plenário do conselho e da secretaria executiva do órgão.