Em jantar com conservadores, Bolsonaro volta a pregar sua agenda lunática anticomunista
O presidente Jair Bolsonaro não decepcionou sua plateia conservadora durante jantar neste domingo (17) em Washington.
Em uma espécie de Santa Ceia da direita americana, o presidente afirmou que é preciso fortalecer a democracia no Ocidente e que aspectos relativos ao antigo comunismo não podem mais imperar.
A fala ideológica diante de um público formado por pensadores, acadêmicos, jornalistas e financistas conservadores dos EUA concretiza o alinhamento que Bolsonaro busca fazer com o governo de Donald Trump.
De acordo com o porta-voz da Presidência da República, o general Otávio Rêgo Barros, Bolsonaro fez um discurso no qual afirmou que é preciso fortalecer o comércio entre Brasil e EUA e destacou que democracia e liberdade são os fatores, nas palavras do porta-voz, mais essenciais que unem os dois povos neste momento.
“As ideias do nosso presidente são de fortalecer o nosso comércio, reconhecendo que os EUA são o segundo mercado para os produtos brasileiros […], reconhecendo que aspectos relativos ao antigo comunismo não podem mais imperar nesse ambiente que nós vivenciamos”, disse Barros ao reproduzir a fala de Bolsonaro.
Ainda segundo o auxiliar do Planalto, o presidente falou sobre os acordos de tecnologia e na área militar que serão assinados durante a visita.
No jantar, realizado na residência do embaixador do Brasil em Washington, Sérgio Amaral, os convidados comeram um mousse de ovas de entrada —que o general definiu como “um creme muito bom”—, bife wellington como prato principal e, para a sobremesa, quindim, doce típico brasileiro.
Entre os os presentes, estava Walter Russel Mead, renomado acadêmico conservador especializado em política externa americana, que também é colunista do Wall Street Journal, e Matt Schlapp, presidente da União Conservadora Americana. A entidade organiza a Conferência da Ação Política Conservadora (CPAC, na sigla em inglês), a mais importante reunião anual de políticos conservadores dos Estados Unidos.
Os já habituais bolsonaristas nos EUA, o escritor Olavo de Carvalho e o ex-estrategista de Trump Steve Bannon, além do investidor Gerald Brant, também jantaram com Bolsonaro.
Bannon afirmou que o jantar foi um “ótimo ponto de partida” para a viagem de Bolsonaro aos EUA e que os convidados puderam conversar sobre os desafios e oportunidades do Brasil.
Ele disse que “alguém chamou esse encontro de ‘Santa Ceia da direita’ [referindo-se à reportagem da Folha que revelou o encontro]”, mas afirmou que não concordava com a classificação. Para ele, foram chamadas pessoas de vários espectros da direita.
Da comitiva do presidente Bolsonaro, estavam presentes os ministros da Justiça, Sergio Moro; e da Economia, Paulo Guedes, que correu para a loja Sephora para comprar um barbeador antes de ir para o jantar.
Também compareceram os ministros da Agricultura, Tereza Cristina; Minas e Energia, Bento Albuquerque; Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes; e Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno.
Além disso, participaram do jantar o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado Federal, senador Nelsinho Trad (PSD-MS), e o presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente.
Ainda segundo o auxiliar do Planalto, o presidente falou sobre os acordos de tecnologia e na área militar que serão assinados durante a visita.
Nesta segunda-feira (18), como anunciou o ministro Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia), será assinado o acordo de salvaguardas tecnológicas que permitirá o uso comercial da base de Alcântara (MA) para lançamento de satélites.
Esse deve ser o documento de maior impacto prático que vai resultar da visita.
“Nosso presidente relembra que nós já atuamos lado a lado com as tropas americanas, os nossos famosos pracinhas, na Segunda Guerra Mundial, em território italiano. São aspectos importantes que precisam revividos e fortalecidos e o nosso presidente vem fazendo isso”, completou o porta-voz.
O anfitrião, embaixador Sérgio Amaral, deve ser trocado do posto após a visita de Bolsonaro nos EUA. Os mais cotados hoje são o diplomata Nestor Forster —apoiado pelo chanceler Ernesto Araújo— e o consultor Murillo de Aragão, da Arko Advice.
Da FSP