Joice Hasselmann celebra golpe de 64 nas redes sociais
A deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP), líder do governo no Congresso Nacional , celebrou em suas redes sociais a decisão do presidente Jair Bolsonaro de comemorar o golpe militar de 1964. Deputados e deputadas de oposição rebateram a publicação, e a hashtag#DitaduraNuncaMais tornou-se o assunto mais comentado do Twitter.
Nesta segunda-feira, o presidente Jair Bolsonaro determinou que as Forças Armadas comemorem o golpe militar que iniciou uma ditadura de 21 anos no país. Em sua publicação, Joice disse que essa seria a “retomada da narrativa verdadeira de nossa história”. Durante o período, a ditadura militar fechou o Congresso Nacional, cassou direitos políticos, perseguiu e torturou adversários políticos e censurou a imprensa.
A Comissão Nacional da Verdade conseguiu confirmar 434 mortes e desaparecimentos de vítimas do regime militar. Segundo relatório produzido pela comissão, as violações aos direitos humanos praticados no período foram resultado de uma ação generalizada e sistemática de forma que aqueles que fossem contrários ao regime fossem reprimidos ou eliminados.
“Esses números certamente não correspondem ao total de mortos e desaparecidos, mas apenas ao de casos cuja comprovação foi possível em função do trabalho realizado, apesar dos obstáculos encontrados na investigação, em especial a falta de acesso à documentação produzida pelas Forças Armadas, oficialmente dada como destruída”, afirma o relatório da comissão.
Para o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), a ordem dada para que as Forças Armadas celebrem o golpe é mais um erro de Bolsonaro.
— A ordem para que as Forças Armadas celebrem o golpe é mais um vexame e uma prova do caráter fascista de Jair Bolsonaro, mas é também uma tentativa de tirar o foco da sua própria incompetência e do fracasso que é o seu governo, que está derretendo antes de completar 100 dias — disse nesta terça-feira também nas redes sociais
No relatório final da Comissão da Verdade foi indicada a proibição da realização de eventos oficiais em comemoração ao golpe de 1964.
“As investigações realizadas comprovaram que a ditadura instaurada através do golpe de Estado de 1964 foi responsável pela ocorrência de graves violações de direitos humanos, perpetradas de forma sistemática e em função de decisões que envolveram a cúpula dos sucessivos governos do período. Essa realidade torna incompatível com os princípios que regem o Estado democrático de direito a realização de eventos oficiais de celebração do golpe militar, que devem ser, assim, objeto de proibição.”
De O Globo