Militar é nomeado por Bolsonaro para cargo de número 2 do MEC
O presidente Jair Bolsonaro nomeou nesta sexta-feira um militar para número 2 do Ministério da Educação (MEC). O cargo de secretário executivo estava vago desde o dia 13. Quem vai assumir agora é o tenente brigadeiro Ricardo Machado Vieira, que foi do Secretário de Pessoal, Ensino, Saúde e Desporto do Ministério da Defesa e chefe do Estado-Maior da Aeronáutica.
Machado Vieira atualmente era chefe de gabinete no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), órgão do MEC que cuida de compras de livros didáticos, transporte, merenda.
Hoje é um dia decisivo para a pasta. Segundo fontes, o ministro Ricardo Vélez Rodríguez pode ser demitido e Machado Vieira ficaria como ministro interino até o governo encontrar um outro nome. Outra possibilidade seria manter Vélez para preservá-lo, mas sem poder algum. Seria um movimento para “organizar a casa” e tentar atrair profissionais de educação.
Vélez foi chamado para um reunião com Bolsonaro hoje pela manhã. Ele havia anunciado outros dois secretários executivos e foi desautorizado pelo governo. O ministro enfrenta uma crise há mais de um mês marcada por disputas internas, mais de 15 exonerações, medidas polêmicas e recuos.
Machado Vieira é homem forte no círculo militar, está no mais alto cargo da Aeronáutica e é especialista em logística. A intenção é que ele ajude a combater a influência dos chamados olavistas no MEC, segundo o Estado apurou. Ontem, Vélez nomeou dois simpatizantes do guru do bolsonaristas, Olavo de Carvalho, para assessores diretos dele.
Machado Vieira é muito amigo do general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e contemporâneo do vice-presidente Hamilton Mourão e do ministro da Secretaria de Governo Carlos Alberto Santos Cruz.
Os cargos vagos no MEC têm causado paralisia na pasta. O governo deve anunciar ainda hoje um novo presidente do Instituto Nacional de Pesquisas e Estudos Educacionais (Inep). Marcus Vinicius Rodrigues foi demitido nesta semana e fez duras críticas a Vélez. Segundo mostrou o Estado, a falta de comando no órgão pode inviabilizar até a polêmica comissãoformada para analisar questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
O ex-secretário executivo do MEC Luiz Antonio Tozi foi demitido a pedido de Bolsonaro, depois que tentou enfrentar os “olavistas”. Tozi era do chamado grupo técnico do ministério, foi dirigente no Centro Paula Souza, autarquia do governo paulista, e por isso chegou a ser chamado de “tucano” por Olavo de Carvalho.
Do Estadão