O que aconteceu em Suzano tem, sim, uma fonte de inspiração: Marcelo Valle Mello

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O criador do fórum extremista de internet em que os assassinos de Suzano (Grande SP) teriam buscado apoio e anunciado a intenção de fazer o atentado está preso desde 10 de maio de 2018 e foi condenado a 41 anos e 6 meses de prisão.

Marcelo Valle Silveira Mello, 32, foi condenado por racismo, incitação ao cometimento de crimes, associação criminosa, divulgação de pedofilia e terrorismo.

Ele já tinha duas condenações anteriores. Em 2009, ele foi condenado a 1 ano e 2 meses de prisão por racismo no Orkut. Foi a primeira condenação no Brasil por racismo na internet. Em 2013 ele foi condenado de novo, por incitação a crimes, mas, naquela ocasião, acabou livre por um indulto.

Analista de informática, Marcelo Valle Mello criou o fórum Dogolachan em 2013, depois de entrar em conflito com adeptos de outros fóruns anônimos, onde proliferam discursos de ódio, radicalismo e pedofilia. É difícil acessar a maioria desses fóruns na navegação convencional pela internet e alguns deles se situam nos subterrâneos da rede, a dark web. É o caso do Dogolachan.

Uma reportagem do R7 afirmou que Guilherme Taucci Monteiro e Luiz Henrique de Castro revelaram no Dogolachan seus planos de matar os ex-colegas da escola Raul Brasil, em Suzano, e pediram ajuda. Taucci, 17, é apontado pela polícia como líder do massacre, apesar de ser 8 anos mais jovem que o outro atirador, seu vizinho Luiz Henrique de Castro, 25.

No dia do massacre, usuários anônimos do fórum comemoraram o assassinato das oito vítimas (cinco alunos, duas educadoras e o tio de um dos assassinos) e o suicídios dos agressores. A administração do fórum está atualmente nas mãos de uma pessoa que assina como DPR.

Uma lista de crimes
Conhecido como Batoré e Psy (entre uma lista de codinomes), Marcelo Valle Mello foi preso pela Polícia Federal em maio do ano passado, em meio à operação Bravata, que apurava denúncias de crimes de ódio na internet. Entre os alvos desses crimes, estava a ativista feminista Lola Aronovich, perseguida e ameaçada por Marcelo Valle Mello e seus seguidores.

O processo, que agora está em fase de apelação no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, corre em segredo de Justiça. No final do ano passado, antes de ser condenado, Marcelo Valle Mello tentou obter um habeas corpus no STJ (Superior Tribunal de Justiça) para sua libertação, mas não foi atendido.

O juiz que o condenou em Curitiba, Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara da Justiça Federal, afirmou na sentença, segundo reportagem do G1, que o condenado era uma pessoa perigosa, que incitava crimes como pedofilia, racismo e feminicídio.

“Inequívoca, portanto, a sua periculosidade, sendo o acusado verdadeira ameaça à ordem social, se solto, não só na condição de autor de delitos como divulgação de imagens de pedofilia, racismo e líder de associação criminosa virtual, mas também como grande incentivador de cometimento de crimes ainda mais graves por parte de terceiros, como homicídios, feminicídios e terrorismo”, escreveu Josegrei.

Batoré começou a ganhar fama no finado Orkut, espalhando discurso racista e misógino nas comunidades online.

Entre os atos atribuídos a ele estão: o planejamento de um ataque a uma festa da UnB, onde ele já havia estudado, em 2012, ameaças de bomba a universidades, ameaças à vida de autoridades, incitação a crimes como assassinatos de homossexuais e mulheres e incitação ao estupro.

Marcelo Valle Mello perseguiu a blogueira Lola Aronovich, do “Escreva, Lola, Escreva”, por mais de cinco anos. Ela comemorou sua condenação e contou toda a história de perseguição.

Do BuzzFeed News