Operação mira ex-governador tucano e encontra R$ 800 mil em mala
Cinco pessoas foram presas temporariamente pela Polícia Federal nesta quinta-feira (28) numa operação em Goiás contra supostas fraudes em licitações e desvios de verbas da Saneago (Companhia de Saneamento de Goiás). Uma mala com cerca de R$ 800 mil foi apreendida na casa de um dos presos.
O ex-governador de Goiás José Eliton (PSDB) é um dos alvos dos oito mandados de busca e apreensão da Operação Decantação 2. Ele nega ter cometido irregularidades.
Entre os presos está Luiz Alberto de Oliveira, ex-chefe de gabinete do ex-governador Marconi Perillo (PSDB). Além dele, foram presos sua filha, Gisella Silva de Oliveira Albuquerque, Eduardo Pereira da Costa, Nilvane Tomás de Sousa Costa, ambos empresários, e Robson Borges Salazar, ex-diretor da Saneago.
A mala com R$ 800 mil e as armas estavam na casa de Gisella. Mais R$ 1 milhão foi achado no carro de seu pai.
Os mandados de prisão e de busca foram expedidos pela 11ª Vara Federal de Goiás e cumpridos em Goiânia e Aparecida de Goiânia.
Conforme a Polícia Federal, as irregularidades foram cometidas por dirigentes da empresa de saneamento, empresários e agentes públicos entre 2012 e 2016, período em que Eliton era vice-governador. Ele assumiu o governo em abril do ano passado, ocupando o lugar de Perillo, que deixou o cargo para disputar uma vaga no Senado.
Além das prisões, a Justiça também determinou o bloqueio de 65 imóveis, avaliados em R$ 35 milhões.
A ação desta quinta-feira é reflexo de outra, de 2016, que descobriu desvio de R$ 4,5 milhões na companhia de saneamento, com indícios de direcionamento de licitação.
Ainda de acordo com a investigação, parte dos valores pagos no contrato eram enviados ao chefe de gabinete do então governador Perillo.
Já Eliton, segundo a Polícia Federal, teria usado, por diversas vezes, um avião que pertencia a uma das empresas beneficiadas pelos contratos.
Os envolvidos responderão pelos crimes de associação criminosa, peculato, corrupção passiva e ativa, fraudes em processos licitatórios e lavagem de dinheiro.
A operação foi batizada de Decantação por ser o processo que separa elementos durante o tratamento da água.
A defesa do ex-chefe de gabinete diz que os valores e as armas pertencem a Oliveira. Sobre o dinheiro, o advogado Pedro Márcio Mundim de Siqueira diz que ele foi informado na declaração de dinheiro.
Já as armas estão todas registradas, segundo ele. O advogado ainda avalia as medidas judiciais a serem tomadas após a prisão, mas qualificou a operação como “exagerada”.
Em nota, o advogado Tito Souza Amaral, que defende Eliton, disse que “não existem fatos ou elementos nesta investigação que coloquem em suspeita a lisura” de seu cliente. “Não há nenhum indício concreto de seu envolvimento nos fatos em apuração.”
A PF apreendeu um computador pessoal do ex-governador.