Seguranças de shopping do Rio atacam ambulante com ‘mata-leão’
Seguranças do shopping Bay Market, em Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro, imobilizaram e agrediram um ambulante que vendia doces dentro do local na última terça-feira (26), assustando clientes que estavam no entorno.
Em um vídeo que circula na internet feito por uma visitante, três funcionários tentam segurar o jovem, que se solta e vai para cima dos vigias. Um deles revida com um chute, e outro dá um “mata leão” no rapaz. Uma quarta segurança tenta impedir a filmagem.
O ambulante é solto depois que clientes se desesperam e começam a gritar. A mulher que grava as imagens diz: “Solta ele, ele está trabalhando, ele não mexeu com ninguém” e depois “eu vou filmar, eu tenho direito”.
A administração do shopping confirmou que “foi registrada uma ocorrência envolvendo um vendedor ambulante e a equipe de segurança” e informou que a direção “está tomando as medidas necessárias e se coloca à disposição das autoridades para colaborar com as investigações”.
A Polícia Militar afirmou que não tem informações sobre o caso, e a Polícia Civil não respondeu até o momento se registrou o ocorrido.
Nas redes sociais, uma frequentadora do centro comercial que estava no momento da confusão relatou que o jovem vendia chocolates quando foi abordado por três seguranças, que o teriam agredido com chutes, socos e com o cacetete.
“Se não fosse os clientes (principalmente mulheres) não tomarem uma atitude [sic] contra os seguranças (gravando e partindo para cima), creio que poderia ter acontecido o pior, como foi o caso do segurança que matou o rapaz no supermercado Extra na Barra da Tijuca”, escreveu.
Ela se referia ao caso de Pedro Henrique Gonzaga, 19, que morreu em 14 de fevereiro após ser imobilizado pelo vigia Davi Ricardo Amâncio no supermercado Extra, na zona oeste do Rio. O episódio também ficou conhecido depois que um vídeo circulou na internet.
Amâncio agora responde por homicídio com dolo eventual, porque teria assumido o risco de matar. A polícia concluiu no inquérito que o funcionário pressionou o pescoço do jovem por cerca de sete minutos e foi alertado ao menos 11 vezes por clientes de que ele estava roxo, desmaiado e não oferecia resistência.
A defesa do vigia alegou que o garoto estava agressivo –ele era dependente químico, segundo a família– e entrou em luta corporal com o segurança, chegando a pegar sua arma. O episódio causou uma série de protestos em ao menos seis capitais pelo país e reacendeu um debate sobre racismo.