Vexame é marca de governo que tem pouco a mostrar e muito a esconder
O mais recente vexame presidencial é característico de um governo que tem pouco a mostrar e muito a esconder. O vídeo obsceno que Jair Bolsonaro divulgou é uma peça da guerra suja que ele insiste em conclamar para desviar atenções em seus primeiros meses de mandato.
Quando quer agitar a população, o presidente veste a fantasia de babá cultural. Desta vez, reproduziu imagens de conteúdo sexual que mostravam um episódio isolado do Carnaval de rua em São Paulo e tratou a cena como se fosse a regra de “muitos blocos”. Bolsonaro mentiu de novo.
A falsa batalha cumpre múltiplas funções: mobiliza um eleitorado que vê poucos avanços concretos até agora; mantém vivo um personagem transgressor, que atropela a liturgia política com maluquices inimagináveis; disfarça a incapacidade administrativa do governo; e ajuda a encobrir seus retrocessos.
Bolsonaro tenta manter o debate no campo dos costumes porque entra em seu terceiro mês no Palácio do Planalto sem sinal de organização para aprovar a reforma da Previdência ou melhorar a educação.
Na cruzada imaginária, o bolsonarismo usa armas como mentiras, vulgaridades e ilegalidades. Foi assim quando o ministro da Educação tentou obrigar crianças a repetirem um slogan de campanha e quando um filho do presidente fez pouco caso de Lula após a morte de seu neto.
Agora, o presidente atacou um Carnaval notadamente crítico a seu governo, numa postura típica de líderes autocráticos. A vitória da Mangueira no Rio —com um enredo que homenageava indígenas, quilombolas e uma vereadora tratada com desdém pelo clã Bolsonaro— joga luz sobre o que ele quer mascarar.
Fabrício Queiroz admitiu que desviava parte dos salários dos servidores do gabinete de Flávio Bolsonaro para comprar apoio político para o então deputado. Foi essa a explicação “bastante plausível” que o filho do presidente disse ter ouvido do ex-assessor há três meses?
Da FSP