Vice de Bolsonaro, em sua versão comedida, evita polêmicas em entrevista
O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão (PRTB), disse na noite de ontem que não acredita na possibilidade de o presidente Jair Bolsonaro (PSL) sofrer um processo de impeachment. “Não quero crer nisso. Até porque o presidente Bolsonaro jamais fará por merecer um impeachment”, afirmou o vice durante entrevista ao programa Mariana Godoy Entrevista, na Rede TV!.
A pergunta foi feita após a jornalista comentar a hashtag #ImpeachmentBolsonaro, que ficou entre as mais comentadas no Twitter na semana do Carnaval após Bolsonaro postar um vídeo em que um homem colocava o dedo no ânus e, na sequência, se ajoelhava para que outro urinasse sobre ele durante um bloco.
“Então, ele vai ter que ajudar se comportando melhor nas redes sociais”, contrapôs a jornalista.
“Essa questão de impeachment… Todos os presidentes passaram por isso: qualquer coisa é impeachment”, minimizou o Mourão.
Em sua versão comedida, o general participou da entrevista evitando polêmicas ao responder a uma série de perguntas dos jornalistas e dos internautas, que encaminhavam questões pelo Twitter.
Uma delas se referia às prioridades nesse começo do novo governo. O vice-presidente respondeu que a meta “número 1” é reduzir o déficit fiscal a zero.
“Temos que obter o equilíbrio entre a receita e a despesa. Ao fazer isso, nós estamos corrigindo os problemas estruturais de emprego, renda, a questão da nossa excessiva burocratização, da nossa regulamentação (…) Resolver para que, a partir daí, o Brasil entenda seu lugar entre as nações. Eu tenho a visão de que o Brasil pode ser o grande celeiro do mundo”, defendeu Mourão. Mais tarde, ele defendeu também que o “Brasil tem tudo para ser a grande civilização ao sul do Equador”.
O tema dos desvios de verbas de campanha também foi abordado, mais diretamente sobre a atual situação do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, acusado de envolvimento em candidaturas laranjas em Minas Gerais. O vice-presidente respondeu “uma vez comprovada que houve uma conduta irregular do ministro, tenho certeza que ele, de livre iniciativa, pedirá sua exoneração”.
“Até porque ele é parlamentar, né? Ele retorna para o Congresso. Caso ele não peça, o presidente vai pedir o cargo dele”, afirmou.
De forma escorregadia, Mourão também comentou sobre a aprovação de emendas parlamentares para a conquista de votos para pautas importantes como a reforma da Previdência. O general acredita que o governo precisa estudar a viabilidade desses recursos.
“Faz parte (da política), mas muitas vezes as emendas eram liberadas, por exemplo, eu tenho um parlamentar de oposição e outro de situação. Eu libero de um e não libero do outro. É preciso olhar a viabilidade de cada uma dessas emendas, como está sendo entendida e ver se é viável para o País e não para o ‘curral’ eleitoral”, diz Mourão.
Alinhado a Bolsonaro, o vice confirmou que a China é um país que o Brasil quer manter ter como parceiro comercial estratégico. “Tem que haver uma estabilidade nessa relação e, para isso, tem que haver confiança”, avaliou o vice. “Na relação tem que haver benefício mútuo (…) Eles virão aqui comprar alimentos, por exemplo, e vão querer investir. Mas vão investir onde não queremos, e não onde eles querem”, completou.
Do UOL