Zê Carota: “Nojo. Nojo moral, nojo existencial, nojo físico. Vocês apodrecem o mundo”
qual muitas pessoas, tive a sorte de, tanto do lado paterno quanto do materno, ter sido neto de avós maravilhosos, que amei e me amaram, delícia tão única, porque momentos com avós são únicos, logo, eternos em ternura, diversão, paciência, compreensão e, mais que tudo, em sabedoria, virtude que só mesmo o tempo e a experiência ainda não alcançada por nossos pais (ainda tateando a descoberta do que é melhor para nós, o que deve ser tolerável de nós e o que não deve) trazem – não à toa até pito de avó/avô é gostoso.
o menino Arthur, morto hoje, também teve a sorte de ter ao menos dois avós (no caso, paternos) extraordinários, no sentido literal e mais amplo que a palavra pode ter, porque escreveram juntos uma história tanto linda quanto única, com muita, muita luta, dignidade e abnegação pessoal, tudo para que toda e qualquer pessoa nesse país tão sofrido, porque tão injusto, vivesse com igual dignidade, e conseguiram realizar isso, obtendo todo o reconhecimento que seu feito e suas biografias merecem, inclusive de boa parte do mundo, mas, muito especialmente, daqueles a quem permitiram ser avós e netos com toda delícia que essa relação compreende.
mas, exatamente por isso, o menino Arthur teve roubados os amores tão especiais de avós idem.
primeiro, sua avó, Dona Marisa, assassinada pela sanha persecutória e criminosa e fascista de servidores públicos do mp, pf e judiciário movidos por ódio de classe, preconceito e servilismo abjeto a um poder econômico (interno e externo) sonegador, corruptor, sujo, cínico, covarde, genocida e burro, posto que antropofágico e, num breve fim, autofágico.
foi essa mesma matilha de canalhas que deu a um Arthur ainda mais novinho do que agora o trauma de acordar com agentes revirando a sua casa do avesso, assustando e humilhando seus pais e irmãos numa busca falaciosa de provas de crimes inventados para atingir seus extraordinários avós – e, no caso de sua avó, conseguindo o intento, pois sua saúde foi, de forma irreversível, arruinada por esse crime.
pouco depois, o menino Arthur teve roubado o amor presencial (e com a missão de suprir a ausência da avó) de seu avô, Lula, condenado e preso sem uma prova sequer de qualquer um dos crimes de que foi acusado, de forma que servisse de um misto de fabricado “exemplo” dado à classe política, um alerta à esquerda, um troféu para um cretino amestrado pelos EUA para defender parasitas decadentes do mercado que a China engolirá em menos de 10 anos, por fim, para saciar o apetite hidrófobo da classe média mais filha da puta do mundo, que, burra demais para chegar no alpendre da elite que adora – a mesma que a odeia e usa -, se satisfaz apoiando qualquer merda que não permita àqueles que crê “inferiores” chegarem minimamente perto de suas vidinhas canal gnt, parceladas ad infinitum no cartão de crédito.
por tudo isso, não sei se lamento mais a morte tão precoce do menino Arthur ou o fato de, em vida, terem lhe roubado o direito de ser amado por avós que, se amaram (e cuidaram de) tantos ‘estranhos’, imaginemos o que fizeram – e ainda fariam – por um neto.
mas sei a quem culpar por tudo isso: mp, pf, o judiciário, especialmente o stf inteiro, o trf-4 idem, moro, lebbos, os fugitivos barbosa e janot, o psdb (em particular, fhc, aécio e serra), TODA a mídia, globo à frente, e, claro, o capital parasita e, desde e para sempre, assassino.
não me esqueci nem nunca me esquecerei de cada um/a que apoiou isso, saudou esses, que, hoje, nas matérias sobre a morte do menino Arthur, mostraram, nos comentários, que não há nada de minimamente humano nessa vida que, na impossibilidade absoluta de os civilizar, ao menos os adestre para o convívio com o diferente, para o respeito mínimo ao semelhante, nada, rigorosamente nada.
a esses, portanto, só me resta desejar a única forma capaz não de educá-los, mas, pelo menos, de calar suas cloacas: sintam em suas carnes e mentes exatamente tudo o que são capazes de desejar de ruim até para uma criança inocente (amplo sentido) de 7 anos.
raiva, eu?
não, de forma alguma.
o sentimento é outro – e pior: nojo.
nojo moral, nojo existencial, nojo físico.
vocês apodrecem o mundo.
força, Lula e família.
De Zê Carota