Balanço do primeiro bimestre: comércio exterior recuou
Repetiram-se, em fevereiro, os resultados inexpressivos do comércio exterior vistos em janeiro. Exportações e importações caíram dada a baixa competitividade dos produtos locais, fraqueza da atividade econômica interna e queda do ritmo de crescimento da economia global. E há os riscos do protecionismo generalizado.
Se o comércio exterior fosse medido pelo superávit comercial (ou seja, pela diferença entre o valor das exportações e das importações), os dados não seriam tão ruins. No primeiro bimestre de 2019, com a ajuda do maior número de dias úteis de fevereiro em relação ao mesmo mês de 2018, o superávit alcançou US$ 5,865 bilhões e foi praticamente igual ao do mesmo período do ano passado, quando atingiu US$ 5,823 bilhões. Mas mais importante é o mau comportamento das vendas e das compras, bem como da corrente de comércio (soma de exportações e importações), que é medida de dinamismo do comércio exterior dos países.
Pelo critério de média por dia útil, as exportações do primeiro bimestre caíram 3,6% entre 2018 e 2019, de US$ 860,9 bilhões para US$ 830,3 bilhões. Entre fevereiro de 2018 e fevereiro de 2019, o recuo se acentuou e atingiu 15,8%. O comportamento das importações foi ainda pior, com queda de 21,2% entre os meses de fevereiro de 2018 e de 2019. Números razoáveis só aparecem nas comparações entre os 12 meses até fevereiro de 2019 e os 12 meses anteriores, com exportações de US$ 421,9 bilhões, importações de US$ 378,1 bilhões e alta de 10,3% na corrente de comércio.
O saldo comercial de fevereiro dependeu de itens básicos, com exportações 10,2% superiores às de fevereiro de 2018 devido às vendas de soja, minério de ferro, milho em grãos e algodão, entre outros produtos. Caíram as exportações de manufaturados, influenciadas pela queda das vendas de veículos para a Argentina.
O comportamento das importações também foi negativo. Destacou-se a queda de 61,9% das compras de bens de capital como os destinados a atividades portuárias, fornos industriais e motores elétricos. Isso indica menos investimentos.
Neste início de ano, o comércio exterior brasileiro mostrou-se mais dependente da China, mas os Estados Unidos também importaram mais do País. As perspectivas para o ano dependerão do ritmo de atividade da economia global.
Do Estadão