Bolsonaro aumenta benefícios na Previdência de militares para conter insatisfação
Para apaziguar as bases da hierarquia das Forças Armadas, que demonstraram insatisfação com uma minuta do projeto reforma a Previdência dos militares que circulou na semana passada e que beneficiava mais cargos de alta patente, o governo revisou o texto. A proposta divulgada nesta quarta-feira amplia os adicionais para os graduados, ou praças, como são chamados.
Um subtenente, por exemplo, poderá receber um aumento de até 73% sobre o soldo (salário-base) no adicional de habilitação militar (parcela remuneratória mensal paga ao militar por cursos de formação e especialização). Esse é o mesmo percentual definido para oficiais-generais e coronéis para cursos de mestrado e doutorado. No caso de um primeiro-sargento, o alíquota subirá de 25% para 68% (mesmo do coronel).
Os praças também foram contemplados com o adicional de disponibilidade militar. Esse adicional foi criado com a reforma dos militares e será pago mensalmente a partir de 2020. No caso de um subtenente, por exemplo, o ganho sobre o soldo será de 32% — mesmo percentual de coronel. Os percentuais são escalonados de acordo com as graduações e postos.
Os generais, por sua vez, também foram agraciados pelo governo. Os cerca de 320 generais da ativa poderão levar para a inatividade a gratificação de representação, que corresponde a 10% sobre o soldo. Hoje, eles perdem esse adicional ao serem transferidos para a reserva.
O assessor especial do Ministério da Defesa, Eduardo Garrido, justificou que o reajuste das gratificações tem o objetivo de valorizar a meritocracia na carreira militar.
— É um projeto de reestruturação das Forças Armadas. Procuramos valorizar a meritocracia e a experiência do militar. O militar nos postos iniciais tem pouco conhecimento e vai ter um menor reconhecimento. O cabo e o soldado estão na base da estrutura militar. Dentro da carreira eles estão em baixo. Eles vão ter um reconhecimento menor que um oficial, um subtenente. O objetivo não é um aumento linear — disse Garrido.
De O Globo