Bolsonaro, propagando sua ignorância, diz que na Venezuela ‘comem rato, cachorro e gato’
O presidente Jair Bolsonaro afirmou ter disse ter conversado com o comando da CIA sobre lavagem de dinheiro, terrorismo e Venezuela. Em transmissão ao vivo no perfil do filho e deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) no Facebook, o presidente afirmou:
— Lá na CIA tivemos contato com a presidente bem como com funcionários do topo. Muita coisa foi conversada (…) a preocupação deles com lavagem de dinheiro, com terrorismo, com a Venezuela e com a questão da geopolítica — disse, antes de acrescentar. — Lá na Venezuela o povo está passando fome, comendo rato, quando acha rato. Lá não tem cachorro nem gato mais. Comeram tudo, por causa do socialismo.
Na manhã desta segunda-feira, o presidente foi a uma reunião na sede da Agência Centrall de Inteligência dos EUA, em um encontro que não foi divulgado na agenda oficial do seu segundo dia de visita a Washington. Questionado diversas vezes, o Planalto havia afirmado que o presidente teria uma agenda privada.
Participaram da comitiva o ministro da Justiça e Segurança, Sergio Moro, e o deputado federal Eduardo Bolsonaro. O encontro também não constava na agenda oficial de Moro.
Na transmissão ao vivo no Facebook, o presidente fez também uma comparação entre os Estados Unidos e a Venezuela. Segundo Bolsonaro, os EUA são uma democracia porque as pessoas querem entrar no país, ao passo que a Venezuela é uma ditadura porque o mandatário daquele país não deixa as pessoas saírem dele. Ele aproveitou para provocar a esquerda do Brasil.
— A fronteira está aberta para que simpatizantes do PT, PCdoB e Psol vão morar na Venezuela, já que gostam tanto daquele regime.
A reunião na CIA foi divulgada pela primeira vez no Twitter de Eduardo Bolsonaro, que escreveu: “Será uma excelente oportunidade de conversar sobre temas internacionais da região com técnicos e peritos do mais alto gabarito”.
Segundo informou o Planalto posteriormente, “a visita está ligada à importância que o presidente confere ao combate ao crime organizado e ao narcotráfico, bem como à necessidade de fortalecer ações da área de inteligência que abrangem o Ministério da Justiça Segurança Publica, Gabinete de Segurança Institucional, entre outros órgãos”.
Na noite de segunda-feira, o porta voz do governo, Otávio do Rêgo Barros, disse, depois do discurso de Bolsonaro na Câmara de Comércio dos Estados Unidos, que a intenção do governo com a visita à CIA é “confirmar a importância que ele dá ao combate ao crime organizado, aos crimes transnacionais e a partir daí estabelecer eventualmente uma comunicação com os meios de inteligência”. O objetivo, segundo ele, é buscar uma integração da atividade de inteligência no continente americano.
Segundo o porta voz, o encontro não foi divulgado antes porque foi decidido durante o voo de Brasília a Washington, “embora nós já estivéssemos efetuando os contatos”.
A agenda oficial de Bolsonaro prevê uma visita à Casa Branca na terça-feira. No jantar, o presidente disse aos presentes que o sentido de seu governo não é construir coisas para o povo brasileiro, mas desconstruir, e que “o antigo comunismo não pode mais imperar”.
A CIA é responsável por coletar e analisar informações consideradas vitais para a política dos Estados Unidos, sobretudo em termos de segurança nacional, relacionadas a pessoas ou países estrangeiros. Ao contrário do FBI, que também integra a comunidade de inteligência americana, não tem função de aplicação da lei — ou seja, não conduz operações de prisão nem pode legalmente reunir informações sobre cidadãos americanos, estrangeiros residentes nos EUA, imigrantes em situação regular e empresas americanas.
De O Globo