Justiça transfere suspeitos de envolvimento na morte de Marielle
Dois dos cinco suspeitos de envolvimento na morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes foram transferidos do Batalhão Especial Prisional (BEP), em Niterói, onde estavam presos à disposição da Justiça, para o Complexo Penitenciário do Gericinó, na Zona Oeste do Rio.
Detidos na operação Os Intocáveis, deflagrada no último dia 22 de janeiro, o major da Polícia Militar Ronald Pereira Alves e o tenente reformado Maurício Silva da Costa, o Maurição, deixaram as dependências do BEP, na madrugada de sexta-feira, por conta de um pedido feito à Justiça pelos promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público.
O pedido de transferência foi motivado por suspeita de que um dos presos estaria recebendo irregularmente a visita de uma pessoa, no BEP, que estaria encarregada de coagir uma testemunha do caso Marielle.
Segundo investigações da polícia, o major e o tenente são suspeitos de integrar a milícia de Rio das Pedras. Os dois já prestaram depoimento no inquérito que apura as mortes da vereadora e do motorista, mas negaram envolvimento no duplo assassinato.
O major Ronald é investigado por integrar a cúpula do Escritório do Crime. Foi denunciado por comandar os negócios ilegais como grilagem de terra e agiotagem.
É ainda réu no processo de homicídio de cinco jovens na antiga boate Via Show, em 6 de dezembro 2003, e vai a júri em abril deste ano. O oficial foi preso no condomínio fechado Essence, perto do Parque Olímpico, na Zona Oeste.
Maurição, de 56 anos, é uma espécie de capataz dentro de Rio das Pedras. Dá também ordens sobre as cobranças dos imóveis da facção e controla as vans.
Na última terça-feira, policiais da Delegacia de Homicídios e promotores do Ministério Público realizaram uma perícia complementar, sobre os assassinatos de Marielle e Anderson, na Rua dos inválidos, no Centro do Rio.
No local fica a Casa das Pretas, onde Marielle mediou uma roda de conversa antes de ser assassinada ao lado de Anderson Gomes, no Estácio, quando voltava para casa.
Detalhes da perícia não foram revelados pela polícia para não atrapalhar as investigações. Um dos objetivos da medida seria o de tirar dúvidas quanto ao posicionamento, no carro usado pelos assassinos, do homem que fez disparos contra a vereadora e o motorista.
De O Globo