Mangueira campeã é vitória da cultura popular contra o fascismo

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A Estação Primeira de Mangueira conquistou, nesta quarta-feira (6), o vigésimo título de sua história no carnaval do Rio de Janeiro. Fundada em abril de 1928, no Morro da Mangueira, próximo à região do Maracanã, a escola levou à Sapucaí o samba-enredo na última segunda-feira (4). A ideia era contar a trajetória de heróis negros e índios esquecidos dos livros e não mencionados na história oficial do Brasil.

O enredo foi assinado pelo carnavalesco Leandro Vieira e contado em 24 alas e cinco alegorias.

Com 3,5 mil integrantes, a escola apresentou heróis como o guerreiro Sepé Tiaraju, que tentou evitar o massacre dos guaranis pelas tropas portuguesas e espanholas. A Mangueira também homenageou a trajetória de líderes como Luis Gama, advogado abolicionista, Luisa Mahin, ativista participante da revolta dos Malês, e Dandara, líder quilombola esposa de Zumbi dos Palmares, além de tratar de temas como as revoltas indígenas.

Ao longo do desfile, os carros trouxeram frases como “Ditadura Assassina”, mostraram ex-presidentes como Floriano Peixoto pisando em cadáveres e apresentaram os Bandeirantes como gananciosos que mataram e escravizaram índios em busca de ouro (em vez da imagem de desbravadores que consta nos livros escolares).

Em seguida, a Mangueira lembrou a vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada há cerca de um ano, cujas investigações seguem sem solução. Além de citar o nome dela no samba, uma das últimas alas trouxe diversas bandeiras com o rosto da vereadora em verde e rosa (as cores da agremiação). A arquiteta Mônica Benício, viúva de Marielle, esteve presente na passarela, usando uma camiseta com os dizeres “Lute como Marielle”. O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL) e o vereador Tarcísio Motta (PSOL) também participaram do desfile.

Um dos destaques da escola foi a bateria que levantou o público ao utilizar instrumentos característicos de religiões de matriz africana. A ação foi pensada não apenas pela sonoridade, mas para explicitar, mais uma vez, o tom político e social do desfile de 2019, buscando valorizar a cultura afro e criticar o preconceito contra as religiões afrodescendentes.

As escolas Imperatriz Leopoldinense e Império Serrano foram rebaixadas.

Do Brasil de Fato