Mesmo levando 3 ministérios, DEM não aprova apoio a Bolsonaro
Mesmo com filiados a frente de três ministérios importantes e tendo conquistado as presidências da Câmara e do Senado com apoio do PSL , o DEM reuniu sua Executiva nesta quarta-feira e não conseguiu deliberar sobre um apoio ao governo Jair Bolsonaro. O tema não constava na pauta da reunião e houve constrangimento quando o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, um dos principais apoiadores do presidente na legenda, cobrou uma posição. Assessores foram retirados da sala e o tema não chegou a ser deliberado.
O presidente da legenda, ACM Neto, diz que haverá uma decisão no tempo oportuno e que espera realizar a deliberação até a convenção do partido, que ocorrerá em 30 de maio. Vice-líder do governo no Congresso, o deputado paranaense Pedro Lupion reconheceu que hoje os insatisfeitos com o Planalto são maioria na Executiva do DEM.
A reunião da Executiva foi convocada para tratar apenas dos processos de convenções da legenda, que começam até o fim do mês nos municípios e culminam com a convenção nacional no final de maio. Caiado, porém, cobrou que o partido tomasse uma posição porque não se poderia mais aceitar uma postura “híbrida” da legenda. O tom da reunião mudou. ACM Neto pediu que todos os assessores deixassem a sala e o debate ficou restrito aos políticos. Na saída, Caiado disse estar satisfeito com o início de um debate formal sobre o tema. Ele reiterou que o partido não pode deixar que insatisfações impeçam um apoio ao governo.
— Aos poucos as coisas vão se acomodando. Não podemos deixar que pequenos detalhes se transformem em grandes crises — disse o governador goiano.
O deputado Pedro Lupion, porém, reconheceu que tem muita gente insatisfeita. Ele afirma que muitos parlamentares consideram “cedo” para uma adesão. Questionado sobre qual o percentual de insatisfeitos, admitiu que é a maioria. O presidente da legenda, ACM Neto, negou que um clima de insatisfação prevaleça, dizendo ser objetivo da legenda ajudar o governo a construir maioria no Congresso, especialmente para as reformas econômicas.
— Não diria que o clima que prevalece seja o da insatisfação. A nossa preocupação é de ajudar o governo a compor maioria na Câmara e no Senado — afirmou ACM Neto.
Questionado sobre um prazo para a declaração de apoio, foi lacônico, admitindo apenas que deseja tomar tal decisão antes da convenção. Disse ainda que um apoio isolado do DEM não é importante, mas que isso deve ocorrer dentro de um ambiente de construção de uma base mais ampla pelo governo.
— Assim que compreendermos que o ambiente construído está maduro para que o DEM não faça um movimento isolado — disse o presidente da legenda, ressaltando que cabe ao governo costurar apoios de outras legendas.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, destacou que o tema não estava na pauta e disse haver um “sentimento” de ajudar o governo. Ressaltou que a escolha de filiados do DEM para o ministério foi “pessoal” de Bolsonaro.
De O Globo