Netinho é criticado pelo autor de seu maior sucesso após falar sobre a Lei Rouanet

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Ainda rende a confusão envolvendo alguns artistas da música baiana. Ontem, o cantor compositor Manno Góes, autor do hit “Milla”, fez duras críticas ao cantor Netinho, em sua conta no Facebook, após alfinetada que ele deu em Daniela Mercury por conta da polêmica envolvendo a cantora com o presidente Jair Bolsonaro sobre a Lei Rouanet.

“Milla é minha. É minha alma. Sou eu falando e tem muito amor e cumplicidade na história dessa música, que nos enriqueceu. E minha maior riqueza é ouvir Milla sendo tocada e cantada até hoje. Milla é mais que uma música; é uma história, que teve em Netinho, um homossexual não assumido-gente-boa, uma voz. Não um reaça. Não esse cara de hoje”, desabafou em um dos trechos do texto e finalizou: “Não me chame de amigo. Não sou seu amigo. Não quero mais ser seu amigo. Você não merece ‘Milla’. Bicha burra”,

Na quarta- feira (6), Netinho mandou uma indireta para Daniela Mercury, que tinha divulgado uma nota direcionada ao presidente Jair Bolsonaro sobre a Lei Rouanet durante o Carnaval. O cantor baiano sempre assumiu ser eleitor de Bolsonaro. “Eu nunca usei Lei Rouanet, nem quero. #EleSim me recebeu respeitosamente e não fui lá pedir nada, reclamar nada. Fui lá apenas para dizer a ele que se recuperaria da facada que recebeu”, escreveu o cantor, que ainda não se pronunciou sobre o texto de Manno Góes.

No texto, veiculado em suas redes sociais, Daniela rebate uma provocação feita mais cedo por Jair Bolsonaro contra ela e o cantor Caetano Veloso relacionada à música “Proibido o carnaval”, lançada no mês passado. A canção faz referência à fala da ministra Damares Alves (“meninos vestem azul e meninas vestem rosa”) e tem uma mensagem contra a censura.

Veja o texto na íntegra de Manno Góes:

Netinho, gente…. Desculpa aí, galera; mas a Milla que eu compus é Daniela Mercury futebol clube, tá? A Milla da música é amor! É liberdade! É diversidade! Jamais seria tortura, homofobia, xenofobia, preconceito. Jamais seria ligada à milícia ou laranjas. A música “Milla” tem que estar conectada ao lúdico, alegre, divertido, adolescente, amoroso… jamais à essas pessoas horríveis que admiram Bolsonaro e criticam colegas de trabalho por pura maldade, inveja ou burrice. A Milla fala de mil e uma noites de amor. De alto-astral. De uma lembrança boa e inesquecível; às vezes dolorosa como ferida aberta; eterna como tatuagem. Eu compus essa música quando era militante do PV (quando o PV era um partido de esquerda). Eu andava de bata. Fumava maconha e queria ser professor de história. Milla jamais seria composta por um admirador de Bolsonaro. Porque um admirador de Bolsonaro de 19 anos, idade em que compus Milla, não ia saber falar para a pessoa que amava que ela era a Ilha do Sol dele. Que ela representa a paz, o amor, a saudade, e as coisas mais puras e bonitas que há em uma relação carinhosa e amorosa. Milla é uma música simples. Bonita. Fofa. Linda. Como a pessoa e o sentimento que me inspiraram. Milla não é fruto de ódio ou torturas. Milla é pra quem ama. Pra quem chora. Pra quem luta. Milla é a esperança de dias e pessoas melhores. Milla não faz arminha na mão. Não critica a liberdade sexual. Milla é um sorriso gostoso. Coloquei o nome de Tuca na composição que fiz.Era pra ser assim. Naquele tempo, nossas conexões permitiram que fosse assim. Mas Milla é minha. É minha alma. Sou eu falando. Tem muito amor e cumplicidade na história dessa música. Que nos enriqueceu. E minha maior riqueza é ouvir Milla sendo tocada e cantada até hoje. Milla é mais que uma música; é uma história. Que teve em Netinho, um homossexual não assumido-gente-boa, uma voz. Não um reaça. Não esse cara de hoje.O problema não é nem ele ter votado em Bozo. Conheço um monte de gente que votou naquele imbecil. Milla pode alegrar o coração até de quem votou em Bozo. O problema de Netinho é o que ele virou. Um rapaz que rebate sua colega de profissão, Daniela, com memes e ironias, por ela querer defender o diálogo. Um rapaz que virou um constrangimento. Um outdoor de vergonha e retrocesso medieval. Esse rapaz de hoje jamais faria sucesso com Milla. Para ele, a história de Milla ficou pra trás. Acabou. Milla agora é símbolo de RESISTÊNCIA! Milla Livre! Lula Livre!! A Milla da música não tem nada haver com o personagem constrangedor que Netinho virou. Que NUNCA MAIS vai gravar Milla, ou Pra Te Ter Aqui, ou qualquer coisa que eu compuser. Não quero estar perto dessa gente que posa de gente, que fala de um Deus malvado, que apoia Ustra! Qual o sentimento que é pra gente ter sobre Netinho? Pena, constrangimento ou vergonha alheia? Naufrague com sua maldade, Netinho. Se achasse que você só está ainda doente, não te escreveria isso. Você está são e completamente conectado com esse governo inacreditavelmente perverso. Nao me chame de amigo.Não sou seu amigo.Não quero mais ser seu amigo. Você não merece Milla. Bicha burra.

Do UOL