No Rio, máquina política faz teia de proteção para milícia

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Em fevereiro, quando policiais chegaram aos endereços de 13 integrantes do Escritório do Crime, 8 deles já haviam fugido. A operação Os Intocáveis fora preparada com sigilo, mas os investigadores perceberam que alguém havia alertado a quadrilha de matadores de aluguel suspeita de assassinar Marielle Franco e Anderson Gomes.

A apuração das mortes da vereadora do PSOL e de seu motorista são uma aula sobre a blindagem que milícias e o crime organizado em geral recebem da máquina política e institucional do Rio. Por um ano, os autores do assassinato foram acobertados por uma estrutura que funciona até hoje dentro do poder público.

Autoridades federais que atuaram na intervenção na segurança do estado em 2018 encontraram uma rede para proteger milicianos e contraventores. O complô usava a força política para se perpetuar. Raul Jungmann, então ministro da Segurança, dizia que o mecanismo transformava o Rio no “coração das trevas”.

Até a prisão, nesta terça-feira (12), do PM e do ex-PM acusados diretamente pelas mortes de Marielle e Anderson, a quadrilha de assassinos foi favorecida por uma trama de depoimentos falsos, vazamentos e atrasos na apuração. A Polícia Federal precisou entrar no caso para fazer a “investigação da investigação”.

Um dos integrantes da intervenção diz, em caráter reservado, que os mandantes do crime não serão encontrados enquanto não houver mudanças profundas. Segundo ele, a teia de proteção continua estendida.

Nos meses em que esteve à frente da segurança do Rio, o governo federal não conseguiu desmantelar os esquemas que dão guarida aos criminosos. As transformações ainda dependerão de vontade política.

Durante a campanha, o governador Wilson Witzel participou do ato em que um candidato quebrou uma placa com o nome de Marielle, quando milicianos já eram suspeitos do crime. Por décadas, Jair Bolsonaro enalteceu e homenageou esses bandos. Os dois precisam se empenhar para redimir os erros do passado.

Da FSP