Nos EUA, Guedes afirma que China gera “mal-estar na civilização ocidental”
A China, objeto de boa parte da conversa no jantar do presidente Jair Bolsonaro com formadores de opinião ligados à direita americana, gera um “mal-estar na civilização ocidental”, disse nesta segunda-feira o ministro da Economia, Paulo Guedes, em conversa com jornalistas em Washington.
“Existe uma noção muito clara de que regimes políticos fechados estão tendo desempenho econômico extraordinário mergulhando nos mercados globais”, afirmou Guedes. Ele admitiu que, no jantar oferecido pelo embaixador brasileiro Sérgio Amaral em sua residência, a ascensão da China ocupou um lugar de destaque.
A região da Eurásia, segundo o ministro, tem mais de três bilhões de pessoas saindo da pobreza graças ao capitalismo global, incluindo ganhos no comércio exterior, por meio da exportação de produtos industriais e o risco de desemprego no mundo desenvolvido.
“Isso bota uma pressão muito grande nas democracias ocidentais. Há um mal-estar na civilização. Esse mal estar está se traduzindo na incapacidade da classe política, que tem jurisdição muito estreita”, avaliou o ministro.
Para ele, é natural que o mundo político se sinta em crise. Fenômenos como a eleição de Emmanuel Macron e o Brexit são, em sua leitura, expressão disso. “O Ocidente está balançando e estão acontecendo rupturas políticas. As pessoas têm certa dificuldade de entender. Isso vai ser compreendido.”
O Brasil, disse Guedes, vai “comercializar com todo mundo” e “todo mundo entra no Brasil”. No entanto, a ideia é explorar mais o comércio com os Estados Unidos. “Temos complementariedade com a China, é verdade, mas houve negligência com os Estados Unidos. Tivemos um período de hostilidade até, essa palavra é forte demais, mas de desinteresse por um parceiro potencial extraordinário. Isso se agudizou no governo do PT porque realmente não havia boa vontade”.