O apavorante rugido do leão e o abutre que virou presidente

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Por Nereu H. Cavalcante*

 

O leão é o maior predador da África e é conhecido como o rei dos animais, embora não seja o maior felino (este título pertence ao tigre que habita a Ásia). O tigre é um predador solitário, enquanto o leão caça em bando, com várias leoas formando a alcateia, e ainda faz coalizão, que é a associação entre leões machos para ficarem mais fortes na defesa da alcateia, o que lhes dá mais poder de predação contra presas poderosas. Estas, por sua vez, só são presas devido a essa estratégia do leão de caçar em bando, usando táticas que só um grupo pode empregar ardilosamente, o que concede a ele o título de rei dos animais.

Na África, porém, a alcateias de leões têm outros grupos concorrentes, mais fracos individualmente, mas que procuram compensar aq fraqueza com um maior número de indivíduos: as hienas. Nesta hierarquia de predadores, logo após as hienas há os cães selvagens, que não entram na briga. Depois vêm os fracos chacais, que de uma distância razoavelmente segura acompanham a predação dos leões, esperando alguma sobra e, algumas vezes, atrevidamente, emitem uma espécie de latido ou regougar para atrair outros predadores, como as hienas, para na confusão roubar algum pedacinho da presa.

As leoas são predadoras espetaculares. Porém, as hienas reunidas em número maior disputam a posse da presa com as leoas. Ora ganham as leoas, ora ganham as hienas, devido ao seu maior número. Mas há um formidável desequilíbrio de força em favor das leoas quando surge, de repente, nesta disputa o poderoso leão macho adulto, líder da alcateia,  que não aparece para disputar  com as hienas a posse da presa. Ele aparece para matar as hienas e mata os seus mais ousados membros, a tal ponto que as hienas têm uma espécie de “leãofobia”. A função do leão macho adulto é proteger o bando e contribuir, com a sua enorme força, nas caçadas mais difíceis.

Neste comportamento animal há uma similaridade com o mundo da política partidária, o qual  deixa de ser uma arte, uma ciência e uma filosofia magníficas para descer ao nível da selvageria.

No mundo dos homens há uma predação constante e, por interesses mesquinhos, perde-se a civilidade, tornando o convívio entre os homens uma violência selvagem na disputa pelas presas.

No nosso comparativo, as presas são as riquezas das nações, a alcateia são os povos destas nações e os leões, líderes corajosos das alcateias. Já as hienas, os cães selvagens e os chacais são os inimigos da nação (externos e internos). Quando internos, são traidores, corruptos, vendilhões das riquezas. São aqueles que não defendem a nação; ao contrário, a despedaçam até não existir mais nada para defender. Nesses casos, é fundamental uma reação do leão, que instiga a alcateia a agir. Um forte líder, que mostra ao povo o que os traidores planejam.

Desde metade do século vinte até os dias atuais, a grande hiena que lidera o roubo das nações é a direita estadunidense, com a colaboração de hienas e os outros predadores locais, cães selvagens, chacais e abutres que saqueiam o resto.

De vez em quando, aparece um leão que reage junto com sua alcateia e frustra o roubo da grande hiena.

No Vietnam, a grande hiena encontrou um valente leão e uma alcateia pequena, porém forte e tenaz. Ho Chi Minh e seu povo fizeram a grande hiena fugir com o rabo entre as pernas e ficar tão traumatizada que só recomeçou a sua predação cassando preás, como o ataque ao inexpressivo Panamá em 1989, na América Central, para adquirir um pouco de confiança novamente.

No Vietnam, a grande hiena queria destruir uma ideologia que ameaçava contagiar o mundo e até seu próprio habitat, podendo matá-la: o comunismo.

Outro leão que deu uma surra na grande hiena foi o aiatolá Ruhollah Khomeine que, junto com um povo determinado, derrubou uma hiena local, o xá Reza Phalavi, que predava o petróleo do país colaborando com a grande hiena.

Leão memorável, que causava pesadelos constantes na grande hiena, foi também Fidel Castro. Eles vivam em alcateias muito próxima, praticamente vizinhos. Mas a sua liderança e uma pequena, mas também fiel alcateia, manteve a grande hiena  à distância, sempre incomodada e amedrontada. Incomodada e amedrontada também pelo exemplo que o grande leão e a sua liderança espalhavam pelo mundo, que sempre o admirou, mesmo os que o odiavam e o invejavam.

No Brasil, a grande hiena trabalhou com eficiência, com dedicação plena, pois a alcateia aqui é enorme e, se for coesa e fiel, torna-se indestrutível. Não haverá sequer disputa por presas, petróleo, minérios, flora e fauna, água potável, bases estratégicas, etc.

O leão brasileiro se descuidou, distanciando-se da enorme alcateia que já o admirava, mas estava dispersa. Faltava coesão. Assim, a grande hiena conseguiu liderar as hienas locais, os cães selvagens e os chacais e isolaram o leão da sua alcateia.

O medo destes predadores carniceiros é o rugido do leão que, se for ouvido pela alcateia, tem o poder de reuni-la novamente e destruir os carniceiros. Nem mesmo os abutres conseguiriam levantar voo a tempo.

O grande leão, Luis Inácio LULA da Silva, causa pânico e histeria nos meios militares, que agem como uma guarda pretoriana ou mesmo como uma milícia ameaçando, de forma velada, os medrosos juízes do STF, para que estes não cumpram as leis consititucionais, num servilismo humilhante à grande hiena. Também cumpre o papel de cão selvagem e chacal a grande mídia venal, sempre protagonizando golpes de Estado, além da parte podre do judiciário, comprometida com interesses escusos e políticos corruptos.

Uma perguntinha simples: se durante o governo Lula o Brasil cresceu em PIB, melhores condições de vida, oportunidades de emprego e renda, desenvolvimento industrial e tecnológico, defesa patriótica dos interesses nacionais  do Brasil e, depois desse governo, assim como antes, o Brasil experimentou situações constrangedoras, desesperadoras e subalternas em relação às grandes economias, mergulhando no caos, por que as figuras desses poderes da república querem manter Lula encarcerado e incomunicável?

A resposta é simples para quem conhece o mínimo da história das nações, de como sempre foi a relação entre elas: o saque e a pilhagem só podem acontecer se o país ficar nas mãos destes sevandijas.

Há outro leão da vez, Nicolás Maduro, remanescente de uma coalizão com outro leão, Hugo Chavez, que lidera uma alcateia pequena e a posse de enorme presa, grandes jazidas de petróleo, que a grande hiena quer roubar. Seu intuito é atacar, associada a outros carniceiros, inclusive o abutre que hoje preside o Brasil, um ser sem liderança que se dispõe a viver de sobras e carniça.

Fica um conselho aos novos leões que vão surgir (pois eles sempre surgem): nunca se distanciem de suas alcateias, pois é só junto delas e com elas, numa combinação de força, estratégia e liderança, que o reinado e a soberania se mantém.

Ademais, o rugido do leão encarcerado é silencioso e avassalador. Lula é gigante. Após quase 11 meses silenciado, trancafiado numa masmorra ignóbil, uma tragédia familiar trouxe sua figura de volta ao povo. Não disse uma palavra. Foi impedido. Mas acenou, rapidamente.

Sua cabeça erguida (mesmo com olhos profundamentes tristes pela perda do neto amado) fez a alcateia se lembrar de que tronos não pertecem aos ordinários, aos abutres. O aceno de Lula foi um rugido intenso, que reverberou em cada canto deste país. Parte da alcateia resiste. Outra parte, iludida pelo abutre, já começa a despertar. Que os abutres, os cães selvagens e os chacais, como Moro, Dallagnol, Hardt, Toffoli e Bolsonaros, tremam e temam. Leões são estrategistas. Alcateiais são resistentes. E a hora de vocês chegará.

 

*Nereu H. Cavalcante é filósofo e ex-sindicalista do Sincato dos Petroleiros.