Um ano após crime político, esquerda se une na Câmara em homenagem à Marielle

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Há exatos 365 dias, Marielle e Anderson foram assassinados a tiros no Rio. Nesta terça(12), a polícia prendeu os dois suspeitos de terem os executado: o policial reformado Ronnie Lessa e o ex-policial militar Élcio de Queiroz. Uma segunda fase da investigação ainda continuará, com a intenção de esclarecer o mandante do crime.

Um ano depois do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e do seu motorista, Anderson Gomes, o PSOL realizou nesta quinta-feira (14) um ato na Câmara dos Deputados em sua homenagem.

Há exatos 365 dias, Marielle e Anderson foram assassinados a tiros no Rio. Na última terça (12), a polícia prendeu os dois suspeitos de terem os executado: o policial reformado Ronnie Lessa e o ex-policial militar Élcio de Queiroz. Uma segunda fase da investigação ainda continuará, com a intenção de esclarecer o mandante do crime.

Na sessão solene, deputados do PSOL e de outros partidos de esquerda vestiram camisas com a frase: “Quem mandou matar Marielle?”. Uma faixa contendo a mesma pergunta foi exposta no Salão Verde da Câmara dos Deputados.

O líder do PSOL na Câmara, Ivan Valente (SP), disse que os mandantes do crime estão “escondidos”. A líder da minoria, Jandira Feghali (PCdoB-RJ), questionou a demora das investigações e a motivação política das execuções.

“Quem mandou matar, quem executou não imaginava que um ano depois essa luta estivesse mais forte o que logo depois do assassinato. Está mais forte, mais viva, mais espalhada no Brasil e no mundo. Essa luta não morreu e não vai morrer porque isso vai precisar ser esclarecido. Por que tão tarde? Por que tanto tempo depois para localizar dois executores, o motorista e quem pegou na arma?”, perguntou Jandira.

O líder da oposição, Alessandro Molon (PSB-RJ), classificou o assassinato como “crime bárbaro e brutal”. “A Marielle é muito maior do que poderiam imaginar. A Marielle se tornou semente”, disse Molon.

“Quais são as relações dos executores de Marielle, quem são aqueles que estão por trás e pensaram a execução na nossa companheira? Tentaram transformar Marielle em medo, mas não conseguiram e não conseguirão”, afirmou o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ).

O PSOL está recolhendo assinaturas com o objetivo de criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar a conduta das milícias. A investigação dos assassinatos de Marielle e Anderson ainda tenta esclarecer o envolvimento de milícias, o mandante e a motivação do crime.

De acordo com o regimento interno da Câmara, a criação da CPI depende de apresentação de um requerimento com a assinatura de 171 deputados (um terço do total de 513).

Milícia é uma espécie de organização criminosa formada por policiais, agentes penitenciários e militares. A atuação desses grupos ocorre em favelas. Milicianos podem ser moradores das comunidades e, em alguns casos, contar com apoio político.

A deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ) avaliou que a democracia brasileira é “incompleta” e não chega à favela, à periferia e que o país tem recorde de assassinatos de defensores dos direitos humanos, como Marielle Franco. Ela disse ainda que o estado brasileiro é “seletivo” e “racista”.

“A milícia domina território, dá cinco tiros na cabeça de jovem no Rio de Janeiro, mata, domina e tem poder econômico, político e armado. Estado brasileiro precisa devolver para o povo brasileiro a possibilidade de lutar por um aperfeiçoamento da democracia. A gente exige que o estado brasileiro faça justiça. Justiça, não vingança. Justiça por Marielle e Anderson. E isso significa responder quem mandou matar Marielle”, disse Talíria em seu discurso.

Durante a sessão do plenário da Câmara, o deputado Alexandre Frota (PSL-SP) discursou na tribuna segurando um papel com a frase: “Quem mandou matar Bolsonaro?”.

Frota argumentou que outras mulheres foram assassinadas no carnaval e não receberam homenagem.

“Com todos esses assassinatos de mulheres durante o carnaval, eu espero que, no próximo carnaval, a Mangueira tenha, de sobra, enredo, que ela tenha, de sobra, motivos para homenagear também mulheres que foram brutalmente assassinadas. O que nós precisamos entender neste momento é que é preciso acabar com essa seletividade. Nós também lutamos e queremos que as coisas entrem no eixo, que as coisas realmente sejam reveladas. Nós não temos medo de saber quem mandou matar Marielle, mas queremos saber também quem mandou matar Bolsonaro”, disse Frota.

Do G1